Explorações agrícolas mundiais vão diminuir para metade até 2100

Um estudo da Universidade do Colorado em Boulder, nos Estados Unidos da América, prevê que o número global de explorações agrícolas desça para metade da média atual até ao final do século 21. O número deverá baixar das 616 milhões de explorações para apenas 272 milhões até 2100. Ao mesmo tempo, o tamanho médio da exploração vai aumentar.

De acordo com a universidade, mesmo as comunidades rurais e dependentes da agricultura na Ásia e em África vão sofrer uma quebra no número de explorações.

“Vemos um ponto de viragem da produção agrícola ampla para uma consolidação generalizada a nível global, e essa é a trajetória futura em que a humanidade está atualmente”, explica o investigador Zia Mehrabi. “A dimensão da exploração agrícola e o número de explorações agrícolas existentes estão associados a resultados chave ambientais e sociais”, aponta.

A análise descobriu que esse ponto de viragem (que já está a ocorrer na América do Norte e Europa) vai ocorrer em 2050 na Ásia, Médio Oriente, Norte da África, Oceânia, América Latina e Caraíbas. A África Subsaariana seguirá o mesmo caminho no final do século.

Mesmo que a área agrícola total não se altere nos próximos anos, existirão menos indivíduos a possuir e cultivar os terrenos disponíveis. O investigador alerta que poderá colocar em causa a biodiversidade. “As explorações maiores normalmente têm menos biodiversidade e mais monoculturas”, diz Zia Mehrabi. “As explorações agrícolas mais pequenas têm normalmente mais biodiversidade e diversidade de culturas, o que as torna mais resistentes a surtos de pragas e choques climáticos.”

Já ao nível do abastecimento alimentar, uma investigação anterior do cientista mostrou que as pequenas explorações representam apenas 25% de toda a área agrícola, mas são responsáveis por um terço de todos os alimentos.

O especialista considera que possuir um portfólio maior de fontes de alimentos é benéfico a longo prazo. “Se existirem danos numa exploração, é provável que o impacto no portfólio seja calculado em média com o sucesso de outra. Mas se diminuirmos o número de explorações e aumentarmos o seu tamanho, o efeito desse choque vai aumentar”.

A investigação também aponta vantagens na consolidação da agricultura como a melhoria da produtividade do trabalho e o crescimento económico, com uma maior força de trabalho no emprego não agrícola e melhores sistemas de gestão.

A análise teve como base os dados da FAO sobre a área agrícola, o PIB per capita e o tamanho da população rural em mais de 180 países, que serviu, primeiramente, para reconstruir a evolução dos números entre 1969 e 2013 e, depois, fazer uma projeção até 2100.

O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.


Publicado

em

,

por

Etiquetas: