Exportações agroalimentares cresceram 12% num mês

Ministra da Agricultura revelou este indicador para mostrar a capacidade do setor de recuperação e de se adaptar ao atual contexto pandémico

Em julho, as exportações do complexo agroalimentar cresceram 12,1% face ao mês anterior, o que mostra “a capacidade do setor de recuperação e de se adaptar” ao atual contexto de pandemia, revelou a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, na apresentação da Agenda de Inovação para a Agricultura 20/30, o plano estratégico de desenvolvimento para a agricultura na próxima década, designado por Terra Futura, num evento que decorre no Cartaxo, no âmbito da feira Agroglobal, e que termina nesta sexta-feira.

Se a comparação das exportações agroalimentares tiver em conta os sete primeiros meses do ano, então o aumento foi de 2% face a igual período do ano passado, mas já considerando apenas o mês de julho e comparando-o com o mesmo mês de há um ano, o crescimento foi de 8,5%, acrescentou a ministra reportando-se aos dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística.

A referência às exportações foi feita a propósito da promoção externa dos bens agroalimentares portugueses que é uma das 15 medidas estratégicas que o Ministério da Agricultura apresentou nesta sexta-feira, no âmbito da Agenda da Inovação.

Aumentar a produção agroalimentar em 15%

Com a adoção das medidas previstas, o Governo espera, no prazo de uma década, aumentar a produção agroalimentar em 15%; incrementar em 20% a adesão dos portugueses à dieta mediterrânica; instalar pelo menos 80% dos jovens agricultores em territórios de baixa densidade; ter mais de metade da área agrícola nacional em produção sustentável certificada (em modo de proteção integrada e de agricultura biológica); e aumentar em 60% o investimento em investigação e desenvolvimento agrícola.

Contributo para combater a covid

Para atingir esses objetivos, a ministra apontou a necessidade de se apostar numa alimentação sustentável, com especial preocupação na saúde. Nesse sentido, referiu que o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV), em Oeiras, fez um investimento de 350 mil euros para poder fazer testes da covid-19, tendo capacidade para fazer 1200 testes diários ao setor.

O contributo da agricultura para minimizar o seu efeito nas alterações climáticas é outras das preocupações. Neste aspeto, Maria do Céu Antunes citou o caso do bagaço da azeitona para exemplificar que, em vez de ser encarado como um desperdício, possa vir a ser valorizado para uso no solo ou para a produção de energia.

A aposta nos modos de produção agrícola de proteção integrada e de agricultura biológica visa, segundo a ministra, valorizar, nomeadamente, a pequena agricultura, a biodiversidade, a pastorícia e até as condições de comunicação avançadas em meio rural, que viabilizem uma desejada Agricultura 4.0, através da qual se consegue uma gestão mais eficiente dos recursos agrícolas.

Portal único pronto até final do ano

Para ajudar a responder aos desafios atuais, o Ministério vai recorrer a duas soluções: por um lado, haverá um só portal da agricultura, para facilitar e agilizar o contacto aos agricultores – medida que, segundo Maria do Céu Antunes ficará pronta até final do ano. Por outro, será dinamizada uma rede de inovação, que envolverá 24 instalações do Ministério da Agricultura, entre laboratórios e estações de investigação já existentes.

Essa rede de instituições estatais vai manter ligações com universidades e privados, para se focar, por exemplo, nas alterações climatéricas (em Elvas), na alimentação mediterrânica (em Tavira) ou na revitalização das zonas rurais, tornando-os territórios inteligentes e diversificados (em Mirandela).

Para monitorizar a aplicação das 15 medidas, com 71 linhas de ação, será criado um portal específico e haverá um Conselho Estratégico, com uma participação plural, para assim se traduzir a Agenda da Inovação “num compromisso”, com “visão de longo prazo”, “sobretudo com o cidadão”, rematou Maria do Céu Antunes.


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