Exportações de produtos agroalimentares registam crescimento

As exportações de bens agroalimentares estão a aumentar, contrariando a tendência decrescente que se verifica noutros setores de atividade. De acordo com os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), se olharmos apenas para as exportações de bens, os produtos agroalimentares são a única categoria identificada no relatório com um crescimento homólogo entre janeiro e agosto deste ano.

“Em 2020, no período acumulado de janeiro a agosto, as exportações de mercadorias decresceram em valor -14,1% face a igual período do ano anterior (-5,6 mil milhões de euros), abrangendo todos os grupos de produtos à exceção do grupo ‘Agroalimentares’, que aumentou 119 milhões de euros“, realça o economista Walter Anatole Marques, numa análise divulgada pelo Gabinete de Estratégia e Estudos (GEE) do Ministério da Economia. As exportações agroalimentares estão a crescer 2,5% no acumulado até agosto.

Analisando, em maior pormenor, as exportações de agroalimentares, que representam cerca de 14% do total de exportações de bens, é possível dizer que produtos como frutas, cascas de citrinos e melões e animais vivos são os que mais contribuem para este desempenho das exportações de agroalimentares.

Ainda assim, praticamente todo o tipo de produtos agroalimentares, em particular as carnes e miudezas comestíveis, assim como os vinhos, está a ser mais exportado, à exceção do peixe, que regista uma queda homóloga.

Não se sabe, através dos dados do INE, para onde é que está a haver mais exportações de agroalimentares. No entanto, sabe-se que as empresas portuguesas estão a conseguir exportar mais este ano do que no anterior para o Japão, a Coreia do Sul, Irlanda e Israel, mas o crescimento inferior a 1%. Ainda assim, não é possível concluir que tal se deve em exclusivo, ou sequer em parte, por causa dos agroalimentares.

O Instituto Nacional de Estatística divulgou, esta segunda-feira (9 de novembro) os novos dados do comércio internacional de bens até setembro e dedicou uma caixa especial aos produtos agroalimentares, por serem os únicos a crescer. Nesse caixa, o gabinete de estatística revela que os países responsáveis pelo acréscimo das vendas ao exterior foram Espanha, Reino Unido, Holanda e China.

Ministra da Agricultura satisfeita com os resultados

Quando os dados foram divulgados, o Maria do Céu Antunes reagiu com um elogio ao setor: “São [dados] muito positivos, refletindo a resistência e a capacidade de trabalho dos nossos agricultores e de todo setor agroalimentar”, disse a ministra da Agricultura.

Em comunicado, o Ministério da Agricultura referiu ainda que, se forem analisados apenas os dados da agricultura, “o crescimento é ainda maior”. “No acumulado de janeiro a agosto, quando comparado com o mesmo período de 2019, as exportações deram um salto de 7,1%. Já quando comparamos agosto de 2019 com o mesmo período homólogo de 2020 o crescimento é a dois dígitos: de 24,6%”, referia.

No Webcast lab “Agricultura: Agenda para a inovação 2030”, organizado pelo ECO/Advocatus, a ministra da Agricultura reconheceu que “todos antevemos que a situação possa vir a agudizar-se do ponto de vista social, económico e financeiro”, mas defendeu que o Plano de Recuperação e Resiliência será uma ferramenta para “dar uma resposta imediata para que os setores mais vulneráveis, e que apresentam neste momento mais fragilidades tendendo a esta pandemia, possam ter resposta” e conquistar “alguma segurança”, notou.

O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.


Publicado

em

, , , ,

por

Etiquetas: