Exportações do sector florestal acima dos 6,4 mil milhões de euros em 2024

O valor das exportações do sector florestal aumentou, em 2024, em mais de 180 milhões de euros relativamente a 2023, enquanto a despesa com importações de produtos florestais diminuiu em cerca de 60 milhões, melhorando a balança do comércio internacional deste sector e trazendo a Portugal um saldo positivo de 3,063 mil milhões de euros.

O maior contributo veio dos produtos transformados pelas indústrias papeleiras portuguesas, com as pastas, o papel e o cartão a gerar receitas de exportações de 3,296 mil milhões de euros e a contribuir para um excedente da balança comercial superior a 1,806 mil milhões de euros.

O único segmento de produtos a gerar saldo negativo foi o da madeira. Com as despesas das importações a manter-se acima das receitas das exportações, as contas do comércio internacional das madeiras situaram-se perto dos -257 milhões de euros.

Os indicadores de 2024 voltam a confirmar o importante contributo das vendas externas de produtos da floresta para o comércio internacional de bens em Portugal: as exportações do sector florestal representaram cerca de 8% do valor de todos os bens vendidos ao exterior (quase 78,9 mil milhões, segundo o INE – Instituto Nacional de Estatística).

Divulgados pelo INE, no âmbito das Estatísticas Agrícolas, em julho de 2025, estes números do comércio internacional englobam os principais segmentos de produtos do sector florestal: cortiça, madeira, mobiliário (que inclui construções em madeira e artigos em vime), produtos resinosos, pastas de madeira, papel e cartão.

Balança do comércio internacional do sector florestal, 2023 – 2024 (milhões de euros)

Contributo de cada segmento para o saldo do comércio internacional do sector florestal, 2023 – 2024 (milhões de euros)

Fonte: INE – Estatísticas Agrícolas 2024 – Exportações e importações dos principais produtos do sector florestal ou relacionados com esta atividade – Portugal. Nota: dados arredondados.

A quantidade de produtos florestais exportados também aumentou de 2023 para 2024:  foram vendidas ao exterior mais 273 mil toneladas, passando-se de 5,9 para 6,2 milhões de toneladas. Já a quantidade de produtos importados reduziu-se em 462 mil toneladas. Apesar desta tendência positiva, o volume de bens que Portugal necessitou de adquirir em 2024 (mais de 6,3 milhões de toneladas) foi maior do que a quantidade vendida ao exterior. As madeiras representam a principal fatia do volume de aquisições, com 4,7 milhões de toneladas compradas ao exterior.

Pasta, papel e cartão: 1806 milhões de euros de saldo positivo

Em 2024, as pastas de madeira renderam mais de 894 milhões de euros em exportações e o papel e cartão somaram mais de 2,402 mil milhões de euros. Já as importações dos mesmos produtos representaram, respetivamente, um pagamento ao exterior de 112,3 milhões e de quase 1,378 mil milhões de euros.

A diferença entre o valor recebido e o despendido é muito significativa, com as pastas a gerar um saldo positivo próximo dos 782 milhões de euros e o papel e cartão com o maior saldo positivo de entre todos os segmentos de produtos da floresta em Portugal: mais de mil milhões.

Tanto na pasta para papel (celulose) como no papel e cartão, o valor das exportações aumentou de 2023 para 2024, superando a subida também registada nas despesas de importações.

Milhões de euros 2023 2024
Receita das exportações Pastas 787,78 894,20
Papel e cartão 2272,76 2402,40
Total pastas, papel e cartão 3060,54 3296,60
Despesa com importações Pastas 101,86 112,34
Papel e cartão 1345,69 1377,98
Total pastas, papel e cartão 1447,55 1490,32
Saldo do comércio internacional Pastas 685,92 781,85
Papel e cartão 927,08 1024,42
Total pastas, papel e cartão 1613,00 1806,28

No que diz respeito às exportações do sector florestal, as pastas, o papel e o cartão mantiveram-se como os produtos mais representativos: geraram 51,4% do valor exportado em 2024 e contribuíram com quase 60% do saldo positivo do comércio internacional do sector. De 2023 para 2024 o excedente relativo às pastas, papel e cartão aumentou 193 milhões de euros, o que elevou o saldo da balança comercial destes produtos dos 1,613 mil milhões para 1,806 mil milhões de euros.

Cortiça com o segundo maior contributo: 920 milhões de euros

Nas exportações do sector florestal, a cortiça manteve, em 2024, o segundo maior contributo: as vendas ao exterior geraram receitas superiores a 1140 milhões de euros, com as rolhas responsáveis por parte muito significativa deste total: perto de 50 mil toneladas de rolhas trouxeram a Portugal quase 835 milhões de euros.

Ainda assim, o valor da cortiça exportada em 2024 reduziu-se face ao ano anterior: menos quase 75 milhões de euros.

O valor das importações de cortiça também decresceu, em perto de 59 milhões, principalmente pela redução da compra de cortiça natural ou simplesmente preparada. Estas aquisições têm, contudo, um peso relativo pouco significativo no total das importações nacionais de produtos florestais (cerca de 6,6% em 2024).

Considerando o valor recebido com as exportações e o despendido com as importações, o segmento da cortiça contribuiu com quase 920 milhões de euros para o saldo do comércio internacional em 2024, sensivelmente 11 milhões abaixo do que acontecera em 2023.

Milhões de euros 2023 2024
Receita das exportações 1210,70 1140,61
Despesa com importações 280,02 220,95
Saldo do comércio internacional 930,67 919,66

A cortiça ocupa o segundo lugar nas exportações do sector florestal e representou 17,8% do total de produtos da floresta vendidos ao exterior em 2024. Neste ano, os seus principais destinos foram, por ordem decrescente, França, Espanha e Estados Unidos.

Mobiliário e construções de madeira e vime: 15% das exportações

O mobiliário, as construções de madeira e os artigos de vime trouxeram o terceiro maior contributo às exportações do sector florestal em 2024. As vendas internacionais deste conjunto de produtos ascenderam a perto de 960,8 milhões de euros, traduzindo um aumento de cerca de 1% face ao ano anterior (951,7 milhões de euros).

As importações aumentaram em 13,7 milhões, para os 425,2 milhões de euros. Esta subida reduziu o contributo deste segmento para o saldo da balança comercial internacional: de 540,2 em 2023 para 535,5 em 2024.

Milhões de euros 2023 2024
Receita das exportações 951,74 960,79
Despesa com importações 411,51 425,24
Saldo do comércio internacional 540,23 535,54

Mobiliário, construções de madeira e artigos de vime trouxeram o terceiro maior contributo às exportações do sector florestal, representando cerca de 15% do total dos produtos da floresta exportados em 2024.

Madeira: valor das importações continua acima do das exportações

A madeira é de todos os produtos da floresta considerados pelo INE o único que traz um contributo negativo para a balança internacional dos produtos florestais. Este não é um fenómeno único de 2024, já que a falta de madeira em Portugal é um fator crítico e crónico, que afeta diferentes indústrias de base florestal, incluindo as que dependem da madeira para criar outros bens e com eles contribuem para o dinamismo da economia portuguesa e para o excedente da balança externa.

Ainda assim, em 2024, as importações de madeiras reduziram-se mais do que as exportações e estas variações permitiram desagravar o défice destes produtos em 16,5 milhões de euros face ao ano anterior: o saldo passou de -273,17 para -256,66 milhões de euros.

Refira-se que este segmento agrega grande variedade de madeiras, incluindo toros de variadas espécies, madeira serrada, painéis, obras para construção, embalagens de madeira, entre outros produtos.

Milhões de euros 2023 2024
Receita das exportações 901,47 854,26
Despesa com importações 1174,63 1110,91
Saldo do comércio internacional -273,17 -256,66

As obras de carpintaria para construção, onde se incluem portas e painéis para soalhos, são um dos grupos que geram a maior fatia do valor das madeiras exportadas: mais de 163 milhões de euros. Do lado das importações, o valor mais significativo – mais de 214 milhões de euros – destinou-se a adquirir ao exterior toros de madeira de espécies folhosas de zonas temperadas.

Produtos resinosos: contributo modesto, mas positivo

Com a menor representatividade no conjunto das importações e exportações do sector florestal, os produtos resinosos reduziram o seu contributo para o saldo do comércio internacional: de 72,47 milhões de euros em 2023 para perto 59 milhões em 2024.

Esta redução deveu-se à diminuição da receita das exportações, que caiu mais de 7 milhões de euros, mas também ao aumento dos custos com importações, que subiu mais de 6 milhões.

Refira-se que, além da resina natural, os produtos resinosos incluem colofónias e ácidos resínicos, usados em aplicações como adesivos, revestimentos e tintas. As colofónias e ácidos resínicos são o principal grupo adquirido ao exterior, representando mais de 60% dos custos de importação neste segmento.

Milhões de euros 2023 2024
Receita das exportações 166,97 159,49
Despesa com importações 94,50 100,62
Saldo do comércio internacional 72,47 58,87

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