A Praceta Honório de Lima, na vila do Gerês, transformou-se num palco de luz e natureza com a exposição “Garranos do Parque Nacional da Peneda-Gerês”, da autoria do fotógrafo António Cunha. Integrada no Festival Iris, a mostra apresenta-se em cubos retroiluminados, que oferecem um brilho singular às imagens, especialmente ao cair da noite, conferindo-lhes um encanto especial que tem surpreendido e emocionado os visitantes.
O Garrano (Equus caballus celticus), protagonista da exposição, é uma das mais antigas raças de cavalos da Europa e símbolo vivo do Parque Nacional da Peneda-Gerês. Pequeno, robusto e ágil, acompanha o homem há milhares de anos: dos guerreiros lusitanos e reis fundadores, ao labor agrícola e às rotas marítimas, sempre reconhecido pela sua força e resistência. Hoje, desempenha um papel crucial na preservação dos ecossistemas, ajudando a controlar a vegetação, a prevenir incêndios e a manter o equilíbrio natural da montanha.
As fotografias de António Cunha revelam não apenas a beleza e imponência destes cavalos autóctones, mas também a sua dimensão simbólica, como guardiões da paisagem cultural e natural do noroeste de Portugal. O autor, natural de Terras de Bouro, vive desde sempre em contacto íntimo com a montanha e com a natureza. Há mais de duas décadas dedica-se a captar instantes que são memória e poesia visual, procurando sempre, como descreve, “poetizar com a luz”.
Na exposição, os garranos surgem em liberdade, selvagens e serenos, integrados nas serras e vales do Gerês. Cada imagem transporta o visitante para esse encontro íntimo com a essência da vida selvagem, onde a paciência e o respeito se tornam condições para captar o instante puro.
Mais do que um registo fotográfico, a mostra é um tributo à resiliência desta espécie e ao património natural que importa proteger. Ao cruzar arte, ciência e memória coletiva, a exposição consolida-se como um dos momentos mais marcantes desta edição do Festival Iris e como um convite à contemplação e valorização da natureza em estado livre.
A exposição permanecerá patente na Praceta Honório de Lima, permitindo que residentes e visitantes continuem a desfrutar desta homenagem à espécie emblemática do Gerês.
O artigo foi publicado originalmente em Gazeta Rural.