A fábrica Queijo Saloio, em Torres Vedras, detida pelo grupo Queijos Santiago e com 60 trabalhadores, vai encerrar na segunda-feira, disse hoje à Lusa fonte sindical, pedindo a intervenção do Ministério do Trabalho.
Em declarações à agência Lusa, Rui Matias, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos (SINTAB), adiantou que a fábrica da Ponte do Rol, no concelho de Torres Vedras, distrito de Lisboa, vai encerrar na segunda-feira, depois de ter sido declarada insolvente.
Os atuais 60 trabalhadores “estão a ser convidados” a ir para outra fábrica do grupo na Venda do Pinheiro, no concelho de Mafra, também distrito de Lisboa, a mais de 30 quilómetros de distância.
“Requeremos uma reunião com o Ministério do Trabalho e com o administrador de insolvência, porque vai ser tudo transferido para Montemuro [Venda do Pinheiro], muitos trabalhadores não têm alternativa face à antiguidade na empresa e alguns não querem ir para ir ganhar o salário mínimo”, afirmou o dirigente sindical.
Segundo Rui Matias, o grupo Queijos Santiago assegura transporte para os trabalhadores, mas poderá “ser tirado a qualquer momento, porque não está previsto nos contratos”.
Ainda de acordo com o sindicalista, o SINTAB defendeu a manutenção dos postos de trabalho na fábrica de Torres Vedras, mas “isso foi negado pelo administrador de insolvência”.
Numa pergunta entregue na segunda-feira na Assembleia da República, a que a agência Lusa teve acesso, o PCP questionou o Governo sobre “o que pretende fazer”, considerando o encerramento da unidade um “declínio na produção nacional, nomeadamente no que diz respeito à soberania alimentar”.
Os comunistas perguntaram ainda sobre eventuais apoios a dar aos trabalhadores “forçados a despedirem-se e aos outros que, mantendo-se no mesmo trabalho, passam a despender várias horas por semana para se deslocarem para o novo local de trabalho sem serem compensados”.
Os comunistas alertaram que, após serem informados do encerramento da unidade, os trabalhadores “não são de nenhuma forma compensados por esta alteração”, defendendo que “o facto de o patrão ceder transporte não compensa o facto de os trabalhadores passarem a perder horas de tempo livre que tinham a deslocar-se para a nova unidade de produção”.
Por outro lado, acrescentaram, há trabalhadores despedirem-se de forma voluntária, porque “não estão disponíveis para aceitar esta injustiça”.
A fábrica e a marca da Queijo Saloio foram compradas há cinco anos pelo grupo Queijos Santiago.
Segundo o portal da Justiça Citius, a Caixa Geral de Depósitos pediu, em março, a insolvência da fábrica Queijo Saloio devido a dívidas contraídas nos últimos cinco anos que, de acordo com o dirigente sindical, se situam entre os 20 e os 25 milhões de euros.
Em maio, o Tribunal da Comarca Lisboa Norte declarou a fábrica insolvente, tendo sido realizada uma assembleia de credores em julho.
A fábrica de Torres Vedras chegou a ter mais de uma centena de trabalhadores.