A Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA, sigla em inglês) divulgou no passado dia 25 de julho um parecer científico sobre o bem-estar de bovinos, identificando falhas graves nos sistemas atuais de produção, sobretudo nas explorações em regime intensivo, com alojamento exclusivamente interior.
Entre os problemas destacados estão a falta de camas adequadas e de estímulos ambientais, espaço insuficiente para os animais se movimentarem, dietas que causam doenças metabólicas, ausência de acesso ao ar livre, desmame precoce e abrupto, mutilações sem alívio da dor, e o risco crescente de stress térmico.
 
Perante este cenário, a EFSA recomendou uma revisão significativa das práticas de criação, defendendo:
- Projetos de alojamento mais humanos e adaptados às necessidades dos animais;
- Maior controlo sobre procedimentos dolorosos, que só devem ser realizados com alívio da dor;
- Acesso contínuo a água limpa, ambientes com estímulos naturais e grupos sociais estáveis;
- Para animais mantidos no exterior, abrigo adequado contra frio e calor extremos;
- Utilização obrigatória de indicadores que possibilitem a monitorização de forma fiável do seu bem-estar.
Atualmente, o bem-estar dos bovinos de carne é apenas regulado de forma genérica no que toca aos animais nas explorações pecuárias. Segundo a EFSA, este novo relatório fornece uma base científica sólida para criar legislação específica para esta categoria animal — algo que não existe ainda na União Europeia (UE).
“Este parecer científico representa um passo crucial para o bem-estar dos bovinos de produção. Confirma a necessidade urgente de estabelecer normas específicas, baseadas em evidência científica, que reflitam as reais necessidades comportamentais e fisiológicas dos animais. A atual ausência de legislação europeia neste âmbito deixa centenas de milhões de animais expostos a sofrimento evitável”, referiu Marta Kilmczak, responsável por projetos relacionados com animais de produção do Eurogroup for Animals, grupo europeu de defesa dos direitos dos animais.
E continua: “a Comissão Europeia deve dar prioridade ao bem-estar de todos os animais de produção, para garantir um setor verdadeiramente sustentável e ético”.
 
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.