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FAO preocupada com próxima época de cultivo em Timor-Leste após as cheias

Danos em sistemas de irrigação em Timor-Leste provocados pelas cheias e pragas estão a causar preocupações relativamente à próxima época de cultivo, com milhares de hectares afetados, condicionando a produção de arroz no país, alertou a FAO.

“Há preocupações sobre a próxima época de cultivo 2021/22, a plantar a partir do próximo mês de dezembro, devido à infraestrutura de irrigação danificada pelas inundações e à expansão dos danos da lagarta do funil [FAW, na sigla em inglês]”, refere o relatório da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO).

“Sem intervenções de reabilitação, estima-se que cerca de 2.800 hectares de arroz podem não ser irrigados total ou parcialmente, enquanto a FAW pode afetar até 20% da produção agregada de milho num ano com precipitação média ou abaixo da média”, considerou.

A análise resulta de uma missão de avaliação da FAO realizada a Timor-Leste entre 27 de abril e 09 de maio, que estudou o estado das principais zonas de produção alimentar em Timor-Leste, incluindo após os danos das cheias no início de abril.

Apesar dos danos causados, o relatório antecipa que a produção de milho, arroz e radículas este ano deverá ser de cerca de 136.400 toneladas, “quase 8% acima da média” dos últimos cinco anos.

“Um início precoce da estação da chuva, seguido de chuvas abundantes e bem distribuídas ao longo da temporada, resultou em áreas e rendimentos plantados superiores à média, compensando as perdas devido às inundações e à lagarta do funil (FAW).

A produção de milho para 2021 é estimada em 80.100 toneladas, cerca de 9% superior à média dos últimos cinco anos, com a produção de arroz estimada em 39.950 toneladas, mais 13% que a média no mesmo período.

“Aproximadamente 2.660 hectares de arroz foram afetados por inundações, ou 12 por cento das áreas plantadas. A FAW afetou severamente cerca de 2.880 hectares de milho, 9% da área cultivada, com uma redução significativa dos rendimentos. especialmente para as culturas de última plantação”, considera o relatório.

No que se refere ao gado, a FAO considera que a peste suína africana (PSA) levou à morte de mais de 129.000 animais, desde o surto em 2019, o que representa cerca de 28 por cento da população total de suínos do país.

Nos últimos dois anos, o setor das aves também foi afetado por uma nova onda do vírus da doença de Newcastle (NDV), especialmente devido ao adiamento das campanhas.

Já as chuvas abundantes e as boas condições de pastagem beneficiaram o gado, com a população de búfalos, vacas, cavalos, ovelhas e cabras a aumentarem este ano.

O relatório nota que os preços do arroz importado, o mais consumido no país, estavam em níveis elevados em maio de 2021, com uma média 15% superior ao ano anterior, “refletindo sobretudo fortes perturbações da procura local e da oferta relacionadas com a pandemia de covid-19”.

“Os preços do arroz local, que representa uma pequena parte da oferta de mercado, são duas vezes superiores aos preços do arroz importado, mas diminuíram e, em maio de 2021, ficaram 23% abaixo dos níveis de um ano antes”, considerou a FAO.

“Isto deve-se à diminuição do poder de compra, na sequência das perdas de rendimentos e do aumento do desemprego devido à aplicação das restrições” da pandemia, sublinha-se no documento.

A FAO recomenda uma resposta de emergência para apoiar os agricultores afetados pelas inundações “para restabelecer o rendimento e a capacidade de produção”, com intervenções urgentes para reabilitar os sistemas de irrigação danificados.

As intervenções devem incluir pagamento a trabalhadores, mobilização de equipamentos pesados para remover sedimentos dos canais de irrigação e reparações para proteção de terras de regadio à possível erosão.

“O fornecimento de sementes vegetais e pacotes de equipamentos agrícolas aos agricultores também pode ajudar a mitigar o impacto nas comunidades afetadas”, sustentou a organização.

A missão da FAO recomenda ainda o reforço da “capacidade nacional de biossegurança e o apoio a intervenções rápidas a nível agrícola para combater a FAW e a NAF, “através do repovoamento de suínos em cercas biosseguras e campanhas de vacinação alargadas”.

“A Missão identificou uma oportunidade para a institucionalização a longo prazo dos contratos públicos, iniciado através do programa Cesta Básica do Governo, para fornecer o programa nacional de alimentação escolar (merenda escolar)”, acrescentou.


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