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FAO reforça SEPAL: conhecimento ajuda a gerir a floresta e a conter a desflorestação

A nova fase da ferramenta da FAO contribuirá com dados precisos para monitorizar o cumprimento dos compromissos da COP26 de conter a desflorestação e a degradação florestal. Para obter informação precisa, o SEPAL combina dados geoespaciais com software de processamento de dados de código aberto.

A FAO – Organização para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas anunciou o lançamento de uma nova fase do seu SEPAL – System for earth observation, data access, processing & analysis for land monitoring. Através de uma combinação de dados geospaciais precisos e consistentes, a segunda fase desta ferramenta promete dar um importante contributo para conter a desflorestação e acelerar o restauro de áreas degradadas.

O SEPAL recorre a uma combinação de dados de sistemas com informação geoespacial, como o Google Earth, com poderosos softwares de processamento de dados de código aberto, incluindo R, ORFEU e GDAL. Depois do registo, a informação fica acessível, em qualquer altura e parte do mundo, a partir de um telemóvel ou computador.

Segundo a FAO, esta plataforma de monitorização florestal e observação terrestre de última geração pode funcionar como um importante contributo para “evitar os piores impactes das alterações climáticas, proteger contra a perda de biodiversidade e salvaguardar os muitos benefícios das florestas para as pessoas e a natureza”.

Informações precisas sobre a situação e as tendências das florestas, bem como sobre o uso da terra um pouco por todo o mundo, serão importantes para ir ao encontro do compromisso assumido por mais de 140 países – representantes de cerca de 90% das florestas do mundo -, durante a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP26): trabalhar conjuntamente para deter e reverter a perda florestal e a degradação da terra até 2030.

Lançada em 2015, a primeira versão do SEPAL integrou a iniciativa Open Foris da FAO, que fornece bens públicos digitais de código aberto, desenvolvidos em colaboração com mais de 70 países e parceiros.

Nesta nova fase, a ferramenta permite o processamento de fontes de dados de maiores dimensões obtidos através de imagens de satélite de alta resolução e de forma remota, incluindo os da NASA, Agência Espacial Europeia e imagens de alta resolução espacial e temporal disponibilizadas através do programa de satélite Norway’s International Climate and Forests Initiative (NICFI).

A FAO prevê ainda o desenvolvimento de novos módulos para o SEPAL, que serão importantes para ajudar os países a atrair financiamento para ações de mitigação das alterações climáticas através das florestas – uma vez que são estes os ecossistemas terrestres com maior capacidade de sequestro de carbono – e para melhorar os processos decisórios.

Ferramentas inovadoras ao serviço da política e gestão florestal

A plataforma reforça, assim, a lista de instrumentos de acesso gratuito (código aberto) para melhorar a gestão das florestas e promover os benefícios que delas advêm.

O contributo das florestas para a economia, a sociedade e o ambiente, como fontes de diversas atividades, matérias-primas e serviços é indiscutível. Compreender plenamente o seu valor e como potenciá-lo requer informações atualizadas e fiáveis para que os países e gestores florestais possam gerir os seus recursos de forma sustentável. O SEPAL é uma de várias ferramentas disponibilizadas pela FAO, em colaboração com vários parceiros, para medir, monitorizar e produzir conhecimento sobre as florestas, a cobertura florestal e os usos da terra. Conheça outros instrumentos à disposição:

Collect Earth – é uma ferramenta de recolha de dados, desenvolvida no âmbito da iniciativa Open Foris, que permite uma análise visual de imagens de diferentes momentos no tempo e reúne dados sobre a cobertura da terra, a forma como as pessoas usam essa terra e o seu coberto vegetal. Através da combinação de tecnologia e do olhar humano, atores locais podem aproveitar esta ferramenta para perceber, por exemplo, onde há árvores em crescimento ou onde estão a decorrer processos de restauro.

FL-WES – a ferramenta “Forest and Landscape Water Ecosystem Services”, abreviada na sigla FL-WES, contribui para monitorizar e melhorar a gestão da água no contexto florestal. Disponível online e de forma gratuita, incorpora seis grandes indicadores quantitativos e qualitativos, dentro dos quais estão integrados 20 subindicadores e 69 variáveis que medem fatores biofísicos, políticos e socioeconómicos que enquadram a importância de considerar a água na gestão florestal.

Arena – desenvolvida e mantida pela Divisão Florestal da FAO, esta plataforma alojada na “nuvem” permite armazenar, explorar, analisar e elaborar relatórios de dados recolhidos em inventários florestais.

GlobAllomeTree – criada em 2013, foi a primeira plataforma internacional a disponibilizar o acesso a equações alométricas – que permitem estimar volumes de árvores a partir de medições de altura e diâmetro. Hoje em dia permite estimar volumes, biomassa e stocks de carbono de árvores e povoamentos. Desenvolvida em parceria com a FAO, está disponível de forma gratuita, sendo apenas necessário fazer um registo para aceder aos dados disponibilizados.


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