A Federação Nacional dos Baldios (Baladi) prevê investir seis milhões de euros em 2023 com a implementação de projetos que visam novas plantações, a gestão da floresta e uma maior resiliência aos incêndios, foi hoje anunciado.
“Projetos que tragam de novo valor à floresta e que criem riqueza”, afirmou Daniel Serralheiro, em conferência de imprensa, realizada em Vila Real.
O dirigente faz parte da nova direção da Baladi, de onde saiu Armando Carvalho, depois de 43 anos ligado ao movimento dos baldios.
A Federação apresentou o plano de atividades para 2023, que inclui um investimento que ronda os seis milhões de euros, em projetos cujo financiamento já está aprovado.
Daniel Serralheiro especificou que cinco milhões de euros dizem respeito à implementação de 10 projetos, aprovados no âmbito do programa governamental Resiliência dos Territórios Face ao Risco (REACT – EU) e que serão concretizados pelos 10 agrupamentos de baldios, dinamizados pela Baladi.
As medidas previstas vão desde novas plantações, áreas de aproveitamento de regeneração natural, beneficiação e abertura de caminhos, aceiros, área de controlo de invasoras e criação de áreas de pastagens melhoradas para o gado.
“A grande dificuldade vai ser executar tudo isto em tempo recorde, até porque grande parte deste investimento é do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e temos data limite até 31 de dezembro de 2023”, frisou.
O responsável lembrou que “só agora” se está a começar a trabalhar nestes projetos, praticamente seis meses depois do previsto inicialmente, que era em junho de 2022.
Este é, para o dirigente, um dos dois grandes desafios da Baladi para 2023.
“O segundo será fazer com que todo este investimento que vai ser feito nos baldios traga retorno, conseguindo potenciar a economia local e trazer, de novo, vida ao mundo rural”, salientou.
A restante verba, cerca de um milhão de euros, diz respeito a outros projetos que a Baladi quer concretizar em conjunto com universidades e outras entidades.
Estão ainda previstas ações de sensibilização e de dinamização do movimento associativo junto das comunidades.
Armando Carvalho, que cessa funções na direção da Federação e fica a presidir à mesa da assembleia, e Daniel Serralheiro, fizeram um balanço muito positivo da atividade dos 10 agrupamento de baldios criados, no âmbito do projeto-piloto lançado em 2019.
Neste momento, segundo os responsáveis, está a ser trabalhada a continuidade dos agrupamentos de baldios e ainda o aumento deste número, de acordo com o compromisso público que o Governo assumiu no Plano de Ação Nacional dos Fogos Rurais.
Os 10 agrupamentos constituídos pela Baladi incluem 55 baldios, 57.184 hectares e, nestes três anos, captaram 10 milhões de euros que foram reinvestidos na floresta.
Por fim, instados a comentar a comentar a inclusão das Direções Regionais de Agricultura e Pescas (DRAP) nas Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR), Daniel Serralheiro mostrou-se preocupado, considerando que irá prejudicar a pequena e media agricultura e servirá para atrasar “ainda mais a resposta” aos agricultores.
Já Armando Carvalho disse que o primeiro atentado à agricultura foi com o fim as zonas agrárias, culminando, agora, com a nova medida governamental.
O Governo aprovou, na quinta-feira passada, em Conselho de Ministros a resolução que dá início à transferência e partilha de competências de serviços regionais do Estado para as CCDR, em nove áreas, estimando que a reforma esteja concluída até ao final do primeiro trimestre de 2024.
As atribuições a transferir dizem respeito às áreas da economia, da cultura, da educação, da formação profissional, da saúde, da conservação da natureza e das florestas, das infraestruturas, do ordenamento do território e da agricultura.