Feira da Maçã

Feira da Maçã mostra as potencialidades do setor primário de Armamar

Armamar vai receber, de 14 a 16 de outubro, a edição 2022 da Feira da Maçã. Com um programa muito atrativo, o certame contará com mais de uma centena de expositores, mas, e especialmente, à espera de muitos visitantes. A feira tem na maçã a ‘Rainha’ da festa, mas é também uma mostra das potencialidades do setor primário do concelho, onde o turismo ganha cada vez maior importância.

A vereadora da Câmara de Armamar, Carla Damião, responsável pela organização da Feira da Maçã, diz que a produção de maçã “é um fator estruturante para a economia do concelho”, numa altura em que aumenta a área de produção no concelho e na região. Porém, salienta o aumento de produção de outros frutos, como a cereja, que já representa uma fatia significativa na economia de Armamar.

Gazeta Rural (GR): Num verão em que os vários eventos foram muito participados, que expetativa tem para a Feira da Maçã?

Carla Damião (CD): De facto, o pós-pandemia veio trazer isso a todos os eventos, porque as pessoas estavam ávidas de sair, de conviver e mudar as rotinas do isolamento, e foram todos um sucesso. Nós começámos pelo ano de 2021, que superou as nossas expectativas, num certame muito bonito e participado. Felizmente não tivemos qualquer problema com algum surto, pois cumprimos, com algum rigor, planos de contingência e normas de segurança. O evento foi um sucesso, pelo que estamos imbuídos desse espírito para a edição deste ano, que esperamos seja muito participada. Estamos a falar no fim das colheitas e os nossos fruticultores e vitivinicultores também precisam de um momento de descontração e laser para aliviar o ‘boom’ de trabalho, nesta altura do ano. Além disso, é importante dar notoriedade e fazer a festa daqueles que são os nossos produtos estratégicos, no fundo o móbil da economia do nosso concelho. A juntar a isto, temos um cartaz ‘simpático’, pelo que estou convencida de que as pessoas vão aderir à nossa festa. Um desses barómetros é o número de inscrições para expositores, que ultrapassa uma centena.

“Produção de cereja começa a ser muito expressiva e já tem impacto na nossa economia”

GR: Tem havido um crescimento de novas plantações no concelho e na região. Já muito se falou da importância económica que a produção de maçã tem para o concelho. Qual é realidade atual?

CD: É, de facto, estruturante para a economia do concelho. A área de produção tem vindo a aumentar, graças, no fundo, às condições edafoclimáticas que temos no concelho. Na zona do planalto continuam a proliferar as surribas e as plantações. Assistimos não só ao aumento de área dos atuais fruticultores, como o surgimento de novos produtores, muitos deles de segunda e terceira geração, o que é interessante e ilustrativo daquilo que tem sido a aposta dos nossos agricultores.

Muita desta área de expansão não é só de maçã, mas de outros frutos. Por exemplo, a produção de cereja começa a ser muito expressiva. Devo dizer-lhe que, neste momento, é mobilizadora e tem já impacto na nossa economia.

“Não temos a água que necessitamos para a agricultura e consumo humano”

GR:  A Feira da Maçã realiza-se num ano difícil, em que há uma quebra de produção?

CD: É um facto que nos deixa tristes, porque as condições climatéricas e a repercussão que elas têm na cultura, foi sempre uma constante e os agricultores já estão habituados, mas depois toca-lhes diretamente no bolso, quando temos granizos ou escassez de água. Porém, este ano, pese embora a diminuição ligeira da produção, podemos considerar que os calibres são ‘simpáticos’

GR: Este é um ano marcado pela seca. No que toca à água, Armamar tem a barragem de Temilobos, mas há muito que na região se reclama uma nova barragem?

CD: É verdade. Reivindicamos todos, já há algum tempo, estruturas de reservatório de água, pois elas são absolutamente necessárias e estratégicas. Os novos pomares, a forma de condução das árvores, os porta-enxertos, em resumo o sistema de produção que neste momento é adotado pelos nossos agricultores, implica um grande consumo de água, que é utilizada inclusivamente para ser veículo de hidratação da planta, mas também de alguns nutrientes e componentes necessários para o aumento da produção e melhoria da qualidade do fruto. Portanto, a água é absolutamente essencial.

A barragem de Temilobos, que numa fase inicial foi pensada para o projeto agrícola do fundo do concelho, neste momento tem como prioridade, e também o é, o abastecimento das populações. Isto deixa-nos reféns daquilo que são as cotas e da capacidade de utilização. Quero dizer com isto que não dispomos da água que necessitamos. Depois, também é um facto, a barragem de Temilobos apenas dá resposta a uma parte do concelho, não cobre a totalidade da área do município e as necessidades dos nossos agricultores.

Já têm sido desenhadas outras soluções, inclusive o município fez já uma aposta na elaboração de um estudo para ampliação da capacidade de rega da barragem de Temilobos e a construção de outros reservatórios, mas tem estado parado. Estamos à espera do que são as oportunidades de financiamento e as diretrizes do governo central para apostarmos, no fundo, nestas soluções. Estamos empenhadíssimos e temos tudo preparado, em articulação com a Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte. Aguardamos.

O artigo foi publicado originalmente em Gazeta Rural.


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