As associações de regantes, representadas pela FENAREG, foram recebidas pela Srª Ministra da Agricultura, no dia 17 de dezembro, numa audiência sobre o estudo «Regadio 20|30 – Levantamento do Potencial de Desenvolvimento do Regadio de Iniciativa Pública no Horizonte de uma Década», onde também esteve presente a EDIA, entidade promotora deste diagnóstico sobre o potencial de regadio para a próxima década.
A FENAREG expressou à Ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, o seu apreço e concordância com as conclusões do estudo que identifica intenções de investimento em 134.000 hectares de novos regadios públicos, num valor de 1200 milhões de euros, e na modernização das obras de rega existentes, das quais 70.000 hectares têm mais de 50 anos de existência, encontrando-se em avançado de degradação, conforme conclui o estudo. Para esta rúbrica, as intervenções previstas implicam um investimento de 786 milhões de euros.
«O estudo Regadio 20|30 é uma base de trabalho de extrema utilidade para a preparação do PEPAC- Plano Estratégico da Política Agrícola Comum e para a definição dos Planos de Gestão de Região Hidrográfica (PGRH) para o período 2022-2027», afirma José Núncio, presidente da FENAREG. «É com muita satisfação que constatamos que grande parte das medidas identificadas no “Contributo para uma Estratégia Nacional para o Regadio 2050”, apresentado pela FENAREG em 2019, constam no estudo do Ministério», acrescenta.
Recorde-se que a Federação apresentou ao Governo, em junho de 2019, uma proposta de estratégia de longo prazo para o regadio público em Portugal, com um plano de ação a executar entre 2021-2027, estimando uma necessidade de investimento de 1.700 milhões de euros, com origem em diversos instrumentos financeiros europeus e nacionais.
Destacamos algumas das conclusões do estudo Regadio 20|30 que põem em evidência a importância do regadio para a segurança e soberania alimentar nacional:
- Apenas 15% da superfície agrícola utilizável em Portugal é beneficiada por regadio. É necessário continuar a beneficiar as zonas carenciadas com o recurso água, fundamental à manutenção das atividades económicas sustentáveis em territórios rurais.
- A integração dos regadios privados e de muito pequena dimensão em sistemas coletivos de rega será fulcral para a sua manutenção e competitividade, atendendo aos efeitos das alterações climáticas.
- Existem sistemas de adução de água extremamente modernos e eficientes, mas continuam a subsistir outros, obsoletos e com perdas de água completamente inaceitáveis e que necessitam de rápida correção.
- A tendência atual é a transformação de regadios tradicionais em novos regadios modernos, com elevado uso de tecnologia, cada vez mais eficientes e associados à garantia interanual de água.
- Em Portugal, o consumo médio de água por hectare regado passou em algumas décadas, de 15.000 para 4.000 m³/hectare/ano.
O estudo Regadio 20|30 encontra-se em consulta pública até 14 de janeiro.