A FENAREG participou dia 9 de Junho numa conferência organizada pela CAP – Confederação dos Agricultores de Portugal na Feira Nacional de Agricultura onde ficou patente que Portugal precisa de uma visão de longo prazo e de políticas públicas estáveis para o regadio, vital para a competitividade da agricultura em cenário de alterações climáticas.
Recordando que as barragens portuguesas têm capacidade para armazenar apenas 20% das afluências anuais dos rios, o presidente da FENAREG, defendeu a necessidade de investimento no aumento da capacidade de regularização interanual das bacias hidrográficas. «No Tejo as soluções estão estudadas, passam por dar usos múltiplos aos reservatórios atuais e pela construção de um novo grande reservatório- a Barragem do Alvito», afirmou José Núncio.
O consultor Pedro Serra, um dos responsáveis pela negociação da convenção luso-espanhola sobre os rios internacionais, afirmou que o problema dos caudais no Tejo poderá ser parcialmente resolvido com a exploração da Barragem do Cabril como empreendimento de fins múltiplos. Recorde-se que o contrato de concessão desta barragem à EDP termina em 2022. «Os 115.000 hectares de regadio no Ribatejo existem à conta da iniciativa privada e de recursos hídricos subterrâneos, não se constrói uma barragem na bacia do Tejo há mais de 30 anos», explicou este especialista.
Na conferência foi sublinhado que 60% dos nossos recursos hídricos provêm de rios internacionais, o que representa um desafio para a soberania hídrica nacional. «Precisamos de ter independência efetiva sobre os recursos hídricos do nosso território», advogou o presidente da CAP, defendendo que o Projeto Tejo é o grande projeto que falta fazer nesta região, tal como no Alentejo a Barragem do Pisão. «Com os instrumentos financeiros que temos pela frente estes projetos têm de avançar», defendeu Eduardo Oliveira e Sousa.
A Ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, revelou que foi adjudicada uma verba de 400 mil euros para estudo do Projeto Tejo e, a propósito de políticas públicas de regadio, garantiu «vamos avançar rapidamente para a criação de uma certificação de explorações de regadio sustentável, muito assente no modelo proposto pela FENAREG».
A proposta de Estratégia Nacional para o Regadio, apresentada pela FENAREG ao Governo, foi também citada pelo presidente da EDIA, entidade mandatada pelo Governo para fazer um estudo sobre o potencial do regadio coletivo e as necessidades de investimento até 2030. «Provavelmente o levantamento de necessidades de investimento no regadio coletivo que estamos a fazer não ficará muito longe dos 1700 milhões que a proposta da FENAREG aponta», afirmou José Pedro Salema.