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Filha de Mandela defende que África deve apostar na agricultura

Makaziwe Mandela, filha do antigo presidente da África do Sul Nelson Mandela, defendeu hoje a aposta na exploração da agricultura em África, considerando que o continente tem condições para o fazer.

“Vejo potencial neste continente para a agricultura, porque o continente não está a explorar verdadeiramente o potencial agrícola para melhorar a sua cultura e em termos tecnológicos. Acho que a maioria dos países africanos foram, em certa parte, bons agricultores, por isso não é algo que precisaria de ser introduzido”, afirmou Makaziwe Mandela.

A filha do antigo chefe de Estado sul-africano falava durante o painel “Liderança africana no século XXI”, realizado na Web Summit, edição que este ano se realiza de forma totalmente ‘online’.

Makaziwe Mandela acredita que África pode ter uma “riqueza através da agricultura”, considerando que o continente “tem muita terra arável, mas que não está a ser usada ou explorada”.

A presidente da House of Mandela, organização que preserva a história e o legado do antigo líder histórico sul-africano, recordou que o seu pai “além de ser um político e um estadista, era um agricultor que acreditava que era possível produzir alimentos”.

Para a filha do antigo Presidente sul-africano, que liderou o país entre 1994 e 1999, este desenvolvimento do setor primário pode ser alcançado através da tecnologia.

“A tecnologia pode ser utilizada em várias áreas para crescer. Temos muitos recursos em África, mas não estamos a beneficiar disso. Se formos capazes de usar a tecnologia, seremos capazes de beneficiar mais dos recursos que produzimos”, assinalou.

Ainda assim, Makaziwe Mandela apontou que são necessárias infraestruturas para isso e que “não há uma grande penetração da tecnologia na maior parte dos países africanos” – incluindo África do Sul e Nigéria.

“A colaboração de empresas como a Google, que já têm uma presença aqui [África], com empresas locais de tecnologia, poderia ser uma forma de desbloquear o potencial que há em África”, apontou.

Mas para a sul-africana, é necessário que haja também um “forte apoio dos governos”.

“Os nossos governos devem dar o primeiro passo. Sem os nossos governos perceberem este potencial e mudança em como devem investir na sociedade e na economia, não iremos a lado algum enquanto África”, frisou.

“Não é fácil lidar com os assuntos que afetam os governos em África, mas acho que é necessário fazer mais para levar as pessoas para a economia”, disse Mandela, dando os exemplos de Ruanda – que “melhorou muito rapidamente em termos da Internet” – e Quénia – onde o Governo “está a tentar”.

A Web Summit, considerada uma das maiores cimeiras tecnológicas do mundo, realiza-se este ano totalmente ‘online’ com “um público estimado de 100 mil” pessoas.

Para o cofundador do evento, o irlandês Paddy Cosgrave, o próximo grande desafio será trazer “100.000 pessoas a Lisboa”, o que só acontecerá “em 2022 ou 2023”.

Relativamente à polémica do pagamento de 11 milhões de euros (oito milhões pelo Governo e três milhões de euros pela Câmara de Lisboa) por uma edição que é ‘online’, Paddy Cosgrave disse tratar-se de um assunto político, em que não se quer envolver.

O CDS-PP enviou questões sobre o tema ao Governo e o vereador do Bloco de Esquerda (BE) na Câmara de Lisboa também questionou o pagamento do contrato.

A cimeira tecnológica teve início hoje e decorre até 04 de dezembro.

Estão inscritos “mais de 2.500 jornalistas”, disse Cosgrave.

Após duas edições realizadas em Lisboa (2016 e 2017), a Web Summit e o Governo Português anunciaram, em outubro de 2018, uma parceria a 10 anos que permite manter a conferência na capital Portuguesa até 2028.


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