A Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares (FIPA) defendeu hoje que o próximo Governo deve “reforçar claramente a tutela” do setor e criar um ministério da Agricultura e da Alimentação que olhe para os problemas de “forma absolutamente estrutural”.
Esta posição foi defendida à Lusa pelo diretor-geral da FIPA, Pedro Queiroz.
Questionado sobre que medida gostaria que o novo Governo tomasse relativamente ao setor, Pedro Queiroz salientou que é “perceber que setor agroalimentar é absolutamente estratégico para este país”.
Aliás, “ficou comprovado na pandemia, ficou comprovado em todas as situações em que foi necessário o país enfrentar crises graves e, portanto, que impactaram a vida de todos nós”, sublinhou o responsável.
Por isso, “a primeira medida que este Governo deve dar é na sua estrutura ministerial reforçar claramente a tutela do setor a nível, eu diria, de um ministério que deveria ser – como nós já publicamente viemos dizer – o ministério da Agricultura e da Alimentação”, destacou.
Ou seja, “um ministério que possa olhar para os problemas da cadeia agroalimentar de uma forma absolutamente estrutural no seio do Governo e onde os vários setores, através das suas associações, possam ter um canal aberto e permanente com o Governo para monitorizar e enfrentar todas estas questões”, argumentou Pedro Queiroz.
“Nós temo-lo feito ao nível da PARCA [Plataforma de Acompanhamento das Relações na Cadeia Agroalimentar], quer durante a pandemia, quer agora que foram criados grupos de acompanhamento do abastecimento agroalimentar”, disse.
Aquilo que “defendemos é que isso tem que se tornar mais estrutural e tem que estar objetivamente colocado na orgânica do Governo”, reforçou.
Pedro Queiroz sublinhou que “é fundamental” que o setor “tenha um diálogo permanente com o Governo de Portugal e com um governo de maioria, que terá naturalmente condições para executar políticas impulsionadoras da economia nacional”, considerou.
E uma economia nacional “só é verdadeiramente impulsionada se este setor for impulsionado”, defendeu o diretor-geral da FIPA.
Portanto, “essa é a grande medida que tem que ter e depois, naturalmente, enfrentar os problemas concretos, como está a fazer neste momento com a seca, que também é outro grave problema que temos em cima da mesa, nomeadamente no que toca ao nosso abastecimento de proximidade, questões de rutura de cadeia de abastecimento que temos vindo a dialogar com o Governo, quer no seio da Agricultura quer no seio da Economia”, acrescentou.
Mas, acima de tudo, defendeu, a grande questão “é o Governo colocar na orgânica o agroalimentar como um setor central, sem prejuízo, naturalmente, dos outros que também contribuem para a economia nacional”, concluiu.
A FIPA elaborou um documento com vários pontos que pretende ver espelhados no próximo Governo, o qual vai apresentar ao futuro executivo e ao novo parlamento.