Floresta é determinante para a neutralidade carbónica

Conclusões de relatório da ONU lembram que não basta reduzir emissões: é preciso também apostar no sequestro de carbono.

A floresta e outros usos do solo “podem oferecer reduções de emissões em larga escala e também um aumento do sequestro de CO2 da atmosfera”, aponta o mais recente Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), apresentado a 4 de abril. Centrado na mitigação das emissões de gases com efeito de estufa (GEE), o documento refere ainda que, além desse papel importante, os produtos florestais de origem sustentável detêm potencial para substituir outros produtos mais intensivos em GEE.

O relatório deste organismo da ONU destaca, como conclusão fundamental, que limitar o aquecimento global a 1,5 graus centígrados, até ao fim do século, “requer que as emissões globais de GEE atinjam o pico antes de 2025, o mais tardar, e sejam reduzidas em 43% até 2030”.  E, nesta luta contra as alterações climáticas, será preciso atingir a neutralidade carbónica no princípio da década de 2050, ou seja, atingir um ponto em que as emissões de GEE sejam compensadas pela capacidade de reabsorção das florestas, dos oceanos e de outros sumidouros de carbono.

As florestas plantadas de eucalipto globulus em Portugal têm-se revelado especialmente eficazes no sequestro de CO2, cerca de 11,3 toneladas por ano e hectare, o maior nível de sequestro das espécies presentes na floresta nacional.

Estas conclusões são especialmente relevantes para Portugal, onde o papel da floresta é reconhecido no Plano Nacional de Energia e Clima (PNEC) 2021-2030. De acordo com este documento, para se atingir a neutralidade carbónica em Portugal até 2030 não basta reduzir emissões: a floresta nacional, que representa a principal ocupação do solo português, com 36% do total, absorve 8,7 milhões de toneladas de CO2, mas terá de passar para uma absorção de 12,7 milhões de toneladas até 2030.

A importância da gestão florestal

Para além de serem reconhecidamente o maior ecossistema terrestre de armazenamento de carbono e principal alicerce de biodiversidade, as florestas são também a maior fonte de recursos naturais que, geridos de forma sustentável na sua utilização pelo homem, são renováveis e circulares por natureza.

Nessa medida, as alterações climáticas representam uma oportunidade para as infraestruturas de base natural, como as florestas plantadas, desempenharem um papel central na solução para a neutralidade carbónica.

Uma floresta biodiversa em mosaico de espécies, produtiva, ordenada e bem gerida, reduz drasticamente os fatores de risco de incêndio (e as emissões inerentes) ou de pragas e doenças, maximizando o seu contributo ambiental.

A título de exemplo, as florestas plantadas deeucalipto globulus em Portugal têm-se revelado especialmente eficazes no sequestro de CO2. Anualmente, e por hectare, esta espécie sequestra cerca de 11,3 toneladas de CO2, valor que representa o maior nível de sequestro anual das espécies presentes na floresta nacional.

Com um aumento de produtividade de 20 a 30%, que a indústria da fileira considera exequível por via da boa gestão, essa capacidade de sequestro aumentaria de forma expressiva das 11,3 atuais para cerca de 13,6 toneladas de CO2 por hectare e por ano. Ou seja, 50% do objetivo do aumento de sequestro da floresta nacional preconizado pelo PNEC 2021 e 2030

O artigo foi publicado originalmente em Produtores Florestais.


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