Fogos na Grécia: “As aldeias estão cheias de turistas. A ilha está atolada”, diz português

Um dos dois portugueses que vivem na ilha de Rodes, Grécia, atingida por incêndios que obrigaram à retirada de milhares de pessoas, nomeadamente turistas, destacou nesta segunda-feira a solidariedade do povo grego na resposta aos mais afectados pelo flagelo. O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal disse nesta segunda-feira que tem estado “em contacto com 19 portugueses” na Grécia, na sequência dos incêndios que estão a afectar o país.

“Estamos a assistir à maior evacuação da história de toda a Grécia e não apenas na ilha. Cerca de 26.000 pessoas já foram retiradas do local onde se encontravam”, disse à Lusa Hugo Vieira, a viver naquele país europeu há cerca de seis anos.

Com a mulher, Hugo Vieira faz parte dos 125 mil habitantes de Rodes, residindo na zona Norte, que não foi atingida pelos fogos, que consomem o centro e o sul da ilha, que é precisamente a região mais procurada pelos turistas.

Desde a passada segunda-feira que o casal, tal como os outros habitantes, vive “com o coração apertado e a respiração suspensa”.

“Rodes tinha, até agora, uma das áreas de floresta virgem mais bem preservadas e mais antigas da Europa, extremamente bela e com espécies nativas, inclusive uma espécie única de veados”, contou à Lusa.

Essa mesma floresta virgem – de difícil acesso para os meios de combate ao fogo – foi atingida pelas chamas na segunda vaga de calor e perante o aumento dos ventos.

Hugo Vieira e a mulher têm ajudado no apoio aos que estão na “linha da frente”, fornecendo água e alimentos, pois é isso que os corpos de bombeiros têm pedido.

Calor e fumo na ilha

E têm presenciado “a enorme onda de calor, abafado, e uma vaga de fumo enorme pelas montanhas”.

Imagem de satélite da ilha de Rodes mostra “cicatriz dos incêndios”

Já na capital, onde reside, o casal apercebeu-se da “aflição, do caos, da emoção das pessoas que foram obrigadas a fugir” e que foram acolhidas pela população e pelas autoridades em escolas e ginásios improvisados, assim como centros de acolhimento.

“As aldeias estão cheias de turistas. A ilha está atolada”, disse, sublinhando a resposta que as autoridades e a sociedade civil têm prestado a estes populares assustados, nomeadamente os turistas que tiveram de fugir dos hotéis localizados em locais afectados ou em risco.

E ressalvou: “A solidariedade do povo grego é tremenda. Rapidamente se instalaram centros de acolhimento para os turistas, sobretudo de origem britânica. São acolhidos em escolas, ginásios. Os hotéis [na zona norte, não atingida] oferecem os seus pátios e as transportadoras colocam os meios à disposição”.

As últimas informações dão conta de três frentes activas e nenhuma controlada, neste incêndio florestal que arde há sete dias.

Sendo quase os únicos portugueses na ilha de Rodes, o casal esperava ter sido contactado pelas autoridades portuguesas, mas tal não aconteceu antes de Hugo Vieira ter escrito uma mensagem nas redes sociais da Embaixada de Portugal na Grécia.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal afirmou estar “em contacto com 19 portugueses” na Grécia: “A Embaixada de Portugal em Atenas acompanha a situação de incêndios florestais que se vive na Grécia e está a prestar todo o apoio necessário aos portugueses, que se encontrem no país e em particular na ilha de Rodes, sejam os que entraram em contacto com a embaixada, como contactando os residentes ou que estão registados naquela secção consular”, lê-se num comunicado enviado à Lusa.

“Para já, a embaixada de Portugal em Atenas está em contacto com 19 portugueses, sendo três residentes no território”, acrescenta-se no comunicado, que salienta também o número do Gabinete de Emergência Consular +351217929714/+351961706472 e a importância de registo na aplicação do Viajante para quem planeia deslocações, esse registo por de ser feito aqui ou através do gabinete de emergência consular.

Nos últimos dias, as autoridades gregas têm procedido a operações de evacuação nas ilhas de Rodes e Corfu, e algumas companhias turísticas suspenderam as suas operações.

O primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, disse esta segunda-feira que a Grécia está “em guerra” contra os incêndios florestais que assolam o país, que tem “mais três dias difíceis” pela frente devido às altas temperaturas.

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