Formação na área florestal com novos cursos e aposta nas tecnologias

Deteção remota, ciência de dados e sistemas de informação geográfica são algumas das vertentes que cruzam a nova formação na área florestal, com cursos livres, técnicos e superiores a ampliar as opções de aprendizagem em Portugal. Conheça alguns dos cursos disponíveis em 2022 e 2023 para além das licenciaturas e mestrados em ciência florestal ou engenharia florestal.

Mais de uma dezena de universidades e politécnicos asseguram o sistema público de formação na área florestal em Portugal, com cursos – principalmente licenciaturas e mestrados – em ciências e engenharias agrárias e florestais. Esta formação está disponível um pouco por todo o país, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) ao Instituto Politécnico de Beja, passando pelo Instituto Superior de Agronomia e pela Universidade dos Açores.

Se é certo que o conhecimento do sector florestal há muito que integrava outras áreas do saber – como a biologia e mesmo a biotecnologia – há cada vez mais áreas que se cruzam, muitas delas relacionadas com as novas tecnologias. Em resposta, as instituições de ensino têm vindo a abrir novos cursos, vários dos quais com temáticas e disciplinas que, há poucos anos, não eram comuns à formação na área florestal.

Entre a nova oferta formativa que tem sido divulgada consta, por exemplo, a vertente de computação – big data e inteligência artificial ou ferramentas computacionais de geoprocessamento, por exemplo – considerada essencial na preparação dos profissionais da chamada Floresta 4.0, onde a análise de grandes volumes de dados, a georreferenciação ou a programação (e operação) de veículos autónomos ganham relevância.

As novas tecnologias estão presentes tanto no conhecimento florestal de base como nas atividades de campo – desde os inventários florestais, ao planeamento e exploração florestal, prevenção de incêndios ou avaliação de serviços do ecossistema – e a sua integração na formação é, mais do que uma tendência, uma necessidade.

“A inovação tecnológica é uma constante na floresta”, referiu Alexandra Marques, da Comissão Executiva do ForestWISE, durante o seminário “Robots na floresta: ficção ou evidência”, sublinhando que para esta inovação tecnológica acontecer são precisas pessoas “que tenham não só as competências florestais, mas o interesse pelas tecnologias e a automação”.

O ensino parece estar a acompanhar este requisito, como fica notório em alguns cursos que integram a formação na área florestal e que começaram a ser disponibilizados nos últimos anos, ou que se realizam pela primeira vez em 2022 e 2023. Conheça alguns exemplos:

Curso Livre de Drones – Deteção Remota Aplicada à Agricultura e Florestas, na Universidade do Algarve

Trata-se de um curso de um ano, com início previsto para julho de 2023, e dirige-se tanto a alunos da Universidade do Algarve, como a licenciados e técnicos que atuem em áreas que envolvam planeamento, conhecimento e proteção territorial e florestal, incluindo bombeiros e proteção civil.

O curso tem um custo inferior a 250 euros (inscrição, seguro e propina) e apenas 15 vagas. As candidaturas vão decorrer de 12 a 16 de junho de 2023.

A iniciativa está integrada no projeto “UAlg+Skills4All”, que quer contribuir para aumentar o número de licenciados e a formação ao longo da vida no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência.

Saiba mais sobre o Curso Livre de Drones.

Curso Técnico Profissional em Operações Florestais, Instituto Politécnico de Coimbra – Escola da Floresta na Lousã

A Escola Superior Agrária do Politécnico de Coimbra (ESAC-IPC) lançou o Curso Técnico Profissional em Operações Florestais que, segundo a entidade, é a “primeira formação a ser ministrada na Escola da Floresta da Lousã.

O curso desenvolve-se em dois anos curriculares, em regime diurno e em tempo integral, revela o site do Instituto Politécnico de Coimbra, e foca temas que vão da segurança em operações florestais aos sistemas de informação geográfica, passando pela proteção do solo, da água e biodiversidade. Também na vertente prática, as temáticas são diversas, incluindo, entre outras, o treino de operações com simuladores.

No segundo ano, o curriculum prevê a realização de um estágio que, segundo a ESAC-IPC, beneficiará de protocolos estabelecidos com várias empresas do sector florestal.

Saiba mais sobre este Curso Técnico Profissional.

Licenciatura em Engenharia e Biotecnologia florestal, na UTAD e Universidade do Porto

Esta é uma licenciatura desenvolvida em parceria por duas universidades, que congrega conhecimento florestal de base com novas ferramentas tecnológicas, tanto na área das biotecnologias, como da observação remota e da inteligência artificial.

O curso (seis semestres) tem 26 vagas anuais, dirigidas à formação de profissionais que poderão vir a atuar nas várias áreas do sector florestal, desde proprietários e gestores de floresta, a investigadores e consultores em recursos naturais e florestais.

Entre os temas a focar nesta licenciatura estão, por exemplo, as ferramentas tecnológicas e biotecnológicas que apoiam a produtividade da floresta e as abordagens multidisciplinares para avaliação das externalidades da floresta, como o carbono, a água ou a biodiversidade.

Saiba mais sobre esta licenciatura.

Mestrado em Green Data Science, no Instituto Superior de Agronomia (ISA), Universidade de Lisboa

A ciência de dados aplicada à agricultura, alimentação, floresta e ambiente é uma das ofertas que vem ampliar a formação superior no ISA. São dois anos (quatro semestres), divididos em disciplinas obrigatórias e optativas, que juntam a computação à engenharia ambiental e à engenharia florestal e dos recursos naturais.

O ISA considera este mestrado, que inaugura em 2022/23, como uma “evolução necessária” para que os futuros profissionais destes sectores sejam capazes de lidar com a complexidade e volume de dados biológicos, agronómicos, ambientais, climáticos, geográficos e socioeconómicos, entre outros, recorrendo à computação (inteligência artificial e aprendizagem autónoma, por exemplo) para extrair informação relevante, capaz de apoiar decisões mais estruturadas e atuações sustentáveis.

Os candidatos às 30 vagas anuais existentes podem vir de várias áreas, como as ciências da vida e ambiente, física, matemática, estatística ou informática.

Saiba mais sobre este mestrado.

Mestrado em Sistemas de Informação Geográfica em Ciências Agronómicas e Florestais, na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Saber como fazer o levantamento, registo, gestão e manipulação de informação georreferenciada é parte do objetivo deste mestrado, cujo curriculum apoia a formação de técnicos e gestores florestais com valências em novas tecnologias, como os Sistemas de Informação Geográfica (SIG), os sistemas de navegação por satélite ou a fotografia aérea com drone.

Conhecer estas tecnologias e saber analisar a informação que elas proporcionam torna-se cada vez mais relevante para o conhecimento, planeamento, gestão e proteção da floresta.

O mestrado conta com 18 vagas e decorre em dois anos, sendo o primeiro reservado à formação e o segundo à investigação e tese.

Saiba mais sobre este mestrado.

O artigo foi publicado originalmente em Florestas.pt.


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