bananeira

Formas de prevenção e controlo da doença mal-do-Panamá (Fusarium oxysporum sp Cubense) na cultura da banana

O projeto FRUTTMAC “Transferência de I+D+i (Investigação+Desenvolvimento+Inovação) para o desenvolvimento sustentável de fruteiras tropicais na Macaronésia”, que envolve diversas instituições dos Arquipélagos da Madeira, Canárias, Açores e Cabo Verde, pretende criar ferramentas e soluções para enfrentar as consequências e novas dificuldades que as alterações climáticas trazem para a fruticultura (escassez de água, novas pragas e doenças, alterações no ecossistema e na biodiversidade, etc.) e divulgar informação para promover a sustentabilidade das culturas.

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Provocada pelo fungo Fusarium oxysporum sp Cubense, o mal-do-Panamá é a doença mais grave na cultura da bananeira na Região Autónoma da Madeira, sendo responsável, a nível mundial, pela destruição de áreas significativas de bananal em diversos países. Está presente desde 1973, quando foi detetada pela primeira vez no Funchal.

Os sintomas principais são amarelecimento rápido das folhas, pecíolos com manchas escuras, no corte transversal do pseudotronco são visíveis os vasos necrosados (figura 1), com um odor ácido característico e cachos pequenos e atrofiados.

A sua propagação é simples, ocorrendo através de material vegetal infetado para novas plantações, através do solo e das raízes dentro da parcela, pela rega de alagamento que pode espalhar os esporos do fungo e até das ferramentas de corte usadas nos amanhos culturais.

Fatores como temperaturas baixas, stress hídrico, asfixia radicular e desequilíbrios nutricionais têm influência no desenvolvimento desta doença, resultando em ataques intensos em áreas onde não se manifestava há algum tempo, devendo evitar-se solos excessivamente compactos e argilosos.
Não existe forma de erradicar esta doença após a sua introdução, mas com as medidas corretas podemos controlar a sua expressão.

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Entre estas destacam-se a correção do pH do solo para valores próximos de 7, evitar encharcamento do solo privilegiando sistemas de rega localizada e abandonar rega por alagamento, fertilizações equilibradas favorecendo o aumento do teor de matéria orgânica, desinfetar as ferramentas de corte com lixívia para evitar transmitir o fungo (uma parcela onde esteja identificada a presença desta doença deve ter ferramentas exclusivas) e utilização de material vegetal proveniente de propagação in vitro pois está isento de pragas e doenças.

A incorporação de zinco na adubação (5 gramas de sulfato de zinco por planta/ano, de forma continuada) tem resultados benéficos no controlo desta doença.

Como forma de obter melhores resultados, é fundamental o controlo do gorgulho Cosmopolites sordidus, recorrendo ao uso de armadilhas e aplicação de inseticidas (autorizados para esta praga) no interior da soca velha (plantas que já se cortou o cacho).

Este inseto, ao abrir um orifício na base da bananeira para colocar os ovos, origina feridas que facilitam a infeção da planta pelos esporos do fungo, ao abri um orifício na base da planta. As larvas resultantes escavam galerias no interior do pesudocaule durante o seu desenvolvimento, originando feridas que facilitam a infeção da planta pelos esporos do fungo.

Bruno Silveira
Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural

O artigo foi publicado originalmente em DICAs.


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