e acordo com o Gabinete de Apoio à Consolidação da Paz da ONU, o Fundo pretende investir 1,5 biliões de dólares (1,3 mil milhões de euros) ao longo de um período estratégico de sete anos (2020-2026).
Contudo, o Fundo, que apoia atualmente mais de 50 países em todo o mundo, não consegue, com esta falha de financiamento, responder a todos os Estados-membros que pedem auxílio.
“Estamos claramente numa situação financeira muito difícil na ONU. Isso não é segredo. As operações de manutenção da paz estão a ser seriamente afetadas, tal como o resto da arquitetura de paz e segurança”, disse a secretária-geral adjunta para o Apoio à Consolidação da Paz, Elizabeth Spehar, numa conferência de imprensa em Nova Iorque.
O Fundo para a Consolidação da Paz da ONU ultrapassou um bilião de dólares (860 milhões de euros) em fundos desde 2020, em apoio à atual estratégia global para programas das Nações Unidas que financiam os esforços de vários países de consolidação e prevenção da paz, por todo o mundo.
“Trata-se de um progresso significativo no sentido do apelo do secretário-geral, António Guterres, para um salto qualitativo no financiamento da consolidação da paz, com mais programas de consolidação da paz apoiados nos últimos seis anos do que nos primeiros 15 anos de existência do Fundo”, destacou a ONU.
Porém, a crise de liquidez que a organização atravessa está a ter amplas repercussões no terreno.
Elizabeth Spehar assinalou que muitos dos parceiros da sociedade civil com que a ONU tem trabalhado em diferentes países, assim como vários Governos que dependiam de certos tipos de apoio até agora, estão “enfraquecidos por causa da redução de recursos”.
Sobre impactos concretos do Fundo, o Gabinete de Apoio à Consolidação da Paz deu o exemplo da Guatemala, onde o reforço dos mecanismos de diálogo locais e nacionais preveniu 80% dos conflitos relacionados com o uso da terra no Vale de Polochic, palco de significativas disputas de terras entre grandes empresas e as comunidades indígenas locais.
Três quartos do financiamento do Fundo foram alocados a África, com exemplos que vão desde o apoio à Comissão da Verdade e Reconciliação da Gâmbia até aos esforços comunitários de reconciliação e manutenção da paz em países como a República Centro-Africana e Sudão do Sul.
O Fundo é o principal instrumento das Nações Unidas para investir em programas de prevenção e consolidação da paz, em parceria com o sistema ONU em geral, autoridades nacionais e subnacionais, organizações da sociedade civil, organizações regionais e bancos multilaterais.
É financiado principalmente através de contribuições voluntárias dos Estados-membros. Além disso, a Assembleia-geral da ONU aprovou 50 milhões de dólares (43 milhões de euros) em fundos obrigatórios por ano, a partir de 2025.
Face à crise financeira que a ONU enfrenta, o Gabinete de Apoio à Consolidação da Paz tenta agora alavancar mais recursos através das instituições financeiras internacionais, assim como do setor privado, porque “também têm contributos importantes a dar para a paz”.
A ONU enfrenta atualmente um grave problema financeiro e orçamental, potenciado pelos cortes de verbas decretados pelo atual Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Apesar da carga de trabalho da ONU aumentar anualmente, os recursos estão a diminuir em todos os setores, o que obrigou Guterres a fazer reduções significativas no orçamento e cortes de postos de trabalho.
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