cerimónia realizou-se na Câmara Municipal de Zwedru, perto de Tuzon, localidade natal de Doe, e contou com a presença do Presidente da Libéria, Joseph Boakai, que declarou luto nacional para esta semana.
Dois caixões envoltos na bandeira nacional foram transportados por um camião pelas ruas de Zwedru: Um do ex-presidente, simbolicamente, porque o seu corpo nunca foi encontrado, e o outro contendo os restos mortais da sua esposa, Nancy, falecida em maio passado.
“Este não é apenas um funeral. É um momento de reflexão nacional, um tempo para nos reconciliarmos com a nossa história, curarmos as nossas feridas e recordarmos com respeito e propósito”, afirmou Boakai, que foi ministro da Agricultura no Governo de Doe.
“O conflito civil que se seguiu à sua trágica morte deixou cicatrizes profundas. Mas, pela graça de Deus, temos desfrutado de paz há mais de duas décadas”, sublinhou o Presidente.
Nascido a 06 de maio de 1951, Doe foi um político e militar que foi o 21.º Presidente da Libéria, desde 1986 até ao seu assassínio, em 1990, mas antes liderou um golpe de Estado que derrubou o Presidente William Tolbert, tornando-se o primeiro líder não americano-liberiano da Libéria.
Doe suspendeu a Constituição, assumiu o posto de general e estabeleceu um Governo militar provisório, com ele próprio como chefe de Estado de facto.
Dissolveu esse Executivo em 1984 e tentou legitimar o seu regime com uma nova Constituição democrática e eleições gerais realizadas em 1985, que ganhou com 51% dos votos, num sufrágio marcado por acusações generalizadas de fraude.
O Governo de Doe caracterizou-se pelo autoritarismo, corrupção, favoritismo para com o seu grupo étnico, Krahn, e perseguição das etnias Gio e Mano, especialmente depois de ter sobrevivido a uma tentativa de golpe de Estado em 1985, o que gerou uma crescente oposição ao seu regime por parte da população e dos Estados Unidos.
A primeira guerra civil da Libéria começou em dezembro de 1989, quando a Frente Patriótica Nacional da Libéria (NPFL), contrária a Doe e liderada por Charles Taylor, invadiu a Libéria a partir da Costa do Marfim, para derrubá-lo.
No ano seguinte, Doe foi capturado e executado pela Frente Patriótica Nacional Independente da Libéria (INPFL), uma dissidência da NPFL liderada pelo senhor da guerra Prince Johnson.
Num vídeo que causou comoção mundial, Johnson apareceu observando os seus combatentes a mutilarem e a torturarem Doe até a morte, enquanto ele bebia tranquilamente uma cerveja.
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