Furacões, cheias e secas: as dez maiores e mais caras catástrofes climáticas de 2022

Com a mudança do clima a trazer mais desastres naturais, os países mais vulneráveis pedem um fundo para perdas e danos. A Christian Aid fez as contas aos dez maiores prejuízos das catástrofes em 2022.

O documento lembra que é muito importante que a Cimeira das Alterações Climáticas das Nações Unidas (COP27) tenha aprovado, em Novembro, a criação de um fundo para as perdas e danos provocados por catástrofes relacionadas com o aquecimento global. “Mesmo com uma mitigação [redução das emissões de gases com efeito de estufa] mais ambiciosa – que infelizmente não foi aprovada na COP27 – haverá fenómenos meteorológicos mais intensos e frequentes nos próximos anos e décadas. O que terá maiores custos”, salienta a Christian Aid.

“O novo fundo para perdas e danos tem de garantir financiamento aos países afectados pelos impactos do clima. Os governos têm de reconhecer que as respostas dadas pelas apólices de seguros nunca vão representar uma abordagem cabal para lidar com as perdas e danos”, diz esta organização. Faz um apelo, ainda, a que os países cortem nas suas emissões para que se cumpra o Acordo de Paris, limitando o aquecimento global a 1,5 graus acima dos valores registados antes da Revolução Industrial.

Numa primeira tabela, o estudo apresenta os dez maiores eventos climáticos por custo financeiro, com base nos dados disponíveis. Numa segunda parte do trabalho, os autores mostram uma outra tabela que resume os impactos de dez “eventos climáticos significativos, mas em que os dados relativos aos custos são mais frágeis devido a condições de mercado ou mais difíceis de estimar”.

Seguem-se as dez catástrofes naturais, por ordem decrescente e com base nos custos que foi possível calcular, apresentadas no estudo da organização não-governamental Christian Aid.

Furacão Ian

Quando chegou a Cuba, a 26 de Setembro, como uma tempestade de categoria 3, o furacão Ian deixou toda a ilha sem electricidade, fez pelo menos três mortos, e obrigou a retirar das suas casas 30 mil pessoas.

Dois dias depois, chegou à costa da Florida, nos Estados Unidos, mais intenso, como categoria 4, com ventos de 241 km por hora. Provocou pelo menos 130 mortes e fez pelo menos 40 mil deslocados. Foi o segundo mais mortífero a atingir a costa norte-americana no século XXI, depois do Katrina (2005).

Antes de ter chegado aos EUA, o Ian passou por um processo de rápida intensificação, em que os ventos do furacão ganham velocidade e força em pouco tempo. Este processo está a tornar-se mais comum por causa das alterações climáticas no oceano Atlântico, e desde 1980 aumentaram as tempestades que tiveram direito a nome. As tempestades tropicais estão também a ter ventos mais fortes e causar chuvas mais intensas, salienta o relatório.

Seca na Europa

As elevadas temperaturas e a seca que afectou grande parte da Europa durante o ano de 2022 provocaram incêndios florestais, perdas na agricultura e, calcula-se, 20 mil mortes em excesso. Os prejuízos estimados são de 20 mil milhões de dólares (18.830 milhões de euros).

furacão Ian é considerado num relatório divulgado esta terça-feira pela organização Christian Aid a catástrofe natural relacionada com as alterações climáticas que provocou os estragos com custos mais elevados em 2022: 100 mil milhões de dólares (94,1 mil milhões de euros). Feitas as contas apenas aos dez desastres naturais que mais prejuízos causaram este ano, a factura – que os especialistas admitem ser muito mais elevada ainda – ultrapassa os 150 mil milhões de euros.

Como medir os custos de catástrofes naturais? Pode-se usar o valor das infra-estruturas e habitações destruídas, e é isso que se faz na grande maioria nos países mais ricos, onde é mais frequente os bens estarem segurados. Ou então, os custos medem-se em vidas perdidas – e é nos países mais pobres que os desastres naturais mais matam.

“É importante notar que os impactos e custos dos desastres climáticos caem de forma desproporcional sobre as pessoas que vivem nos países de baixos rendimentos. Isto acontece porque têm menos bens materiais, menos seguros e, em geral, menor acesso a serviços públicos de qualidade”, diz o relatório, que enumera também alguns outros desastres naturais cujos custos são mais difíceis de calcular. Por exemplo, a onda de calor na Índia e no Paquistão, cheias na Malásia, tempestade tropical Nalgae nas Filipinas, incêndios florestais na Tierra del Fuego, no Chile.

Em vários locais foram batidos recordes de temperatura. Em Portugal, registaram-se 47 graus no Pinhão. No Reino Unido, a temperatura […]

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