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Garantir os serviços públicos, proteger o ambiente e apoiar a produção nacional tem de ser agora!

Nas celebrações do Dia Internacional da Mulher Rural (15 de Outubro), a Associação das Mulheres Agricultoras e Rurais Portuguesas – MARP, saúda todas as mulheres agricultoras e rurais que trabalham os campos.

Os últimos tempos não têm sido fáceis: uma pandemia, as alterações do clima que estão para ficar, as dificuldades em produzir os alimentos, com o aumento brutal dos preços dos factores de produção e diminuição da rentabilidade, e a instabilidade pelo desencadear de mais uma guerra no Mundo, agora no espaço Europeu. Com este cenário que promete escassez a vários níveis, nunca foi tão importante lutar pela soberania alimentar e pelo reforço da agricultura familiar.

O que acontece no entanto, e em particular no mundo rural, é o progressivo encerramento de serviços públicos, obrigando a longas e dispendiosas deslocações, e a falta de investimento na saúde, na educação, nos transportes, na agricultura e no desenvolvimento rural, que não permite a resposta que precisamos para viver melhor. Não é possível estar meses à espera de uma consulta médica, de uma cirurgia ou de fisioterapia, ou de ter de fazer dezenas e dezenas de quilómetros para a isso ter acesso. Não podemos aceitar o encerramento de maternidades, num País com um Mundo Rural profundamente deprimido e com défices de natalidade altíssimos.

Temos direito a ser mães em segurança e com qualidade, temos direito a garantir isso aos nossos filhos.

A falta de investimento na saúde, na educação, nos transportes, na agricultura, nas pequenas e médias empresas e no desenvolvimento rural, põe em causa não só a sobrevivência desses territórios mas também no resto do país e de todos e todas nós.

Preocupa-nos profundamente a situação do meio ambiente e dos recursos naturais. Vivemos actualmente uma situação de seca dramática, com consequência no abastecimento doméstico de água e na qualidade e quantidade da produção agrícola. As necessidades de rega este ano começaram no Inverno, logo no início do ano. É urgente uma política estruturada de acesso à água e que priorize, claro, o abastecimento às populações, mas também de alimentos de proximidade, por isso a produção agrícola familiar.

Precisamos estar mais preparados e organizados para enfrentar estas e outras adversidades.

Neste momento interessa também olhar para a próxima Política Agrícola Comum e perguntar: o que nos traz de novo? Podemos dizer que acrescenta muito pouco ou nada. Neste pacote não encontramos medidas que tenham em conta as dificuldades e necessidades das mulheres agricultoras e rurais e das suas famílias, nem que tenham em conta a igualdade de género, o combate ao despovoamento e desertificação das zonas rurais ou que promovam o emprego das mulheres rurais. É mais uma oportunidade perdida, e mais uma forma de privilegiar os privilegiados.

Apesar das adversidades, e como camponesas que somos, continuamos a acreditar e a lutar pelo fortalecimento da Agricultura Familiar e dos territórios rurais que nos aproxime da Soberania Alimentar. Por isso marcaremos presença e daremos força ao 9.º Congresso da CNA, em Viseu, já no próximo dia 6 de Novembro!

Semeando soberania e solidariedade alimentar, colhemos direitos e uma vida digna!

A Direcção da MARP

14 de Outubro de 2022

Fonte: MARP


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