Um apelo solidário dirigido, em particular, a colecionadores de vinho está a chamar a atenção para as dificuldades financeiras de uma Instituição de Solidariedade Social da Serra do Caldeirão, com sede no Barranco do Velho. A iniciativa parte do cronista do Postal do Algarve José Mendes Bota, antigo parlamentar e diplomata da União Europeia, que pede “apoio ao máximo” na divulgação da nota e alerta para um “Natal triste” vivido pela instituição, que diz estar “em grave aperto financeiro”.
Na mesma mensagem, José Mendes Bota explica que guarda na sua adega “cerca de 30 garrafas” de um vinho tinto produzido em 1973 pela “Sociedade Agrícola de Vilamoura”, que manteve como recordação “de um tempo que já passou há 52 anos”. Acrescenta que não se deve esperar que o vinho esteja em perfeitas condições de consumo, sublinhando, ainda assim, que abriu recentemente uma dessas garrafas e, “para [sua] surpresa, ainda não era vinagre”.

Segundo o autor, o valor está sobretudo “na garrafa e no rótulo” e a proposta passa por oferecer uma dessas garrafas por cada “1.000,00 euros de donativo” entregue diretamente à Instituição de Solidariedade Social da Serra do Caldeirão. “Para mim, não quero um cêntimo que seja”, afirma.

Um vinho que lembra o Vilamoura “original”
No enquadramento que faz ao apelo, José Mendes Bota recorda o empreendimento de Vilamoura “sob o impulso visionário de Arthur Cupertino de Miranda”, aprovado por alvará da Câmara Municipal de Loulé a 22 de novembro de 1967, descrevendo-o como um exemplo do que, para si, deveria ser o “desenvolvimento sustentável”. O autor refere que a área total (1.600 hectares) foi subdividida em oito subsetores e destaca, entre os vários componentes do projeto, a existência de “uma extensa zona agropecuária (600 hectares !…)” para garantir o “fornecimento exclusivo de alimentos frescos da melhor qualidade”.

Na descrição, menciona ainda produções agrícolas e a existência de “uma boa vinha” onde se fazia vinho engarrafado com o rótulo “Vilamoura”, acrescentando que “tudo isso desapareceu”.

Apoio domiciliário na serra com custos elevados
O apelo ganha especial relevo pelo retrato das necessidades no interior serrano. De acordo com a nota, a instituição “tem um centro de dia e faz apoio domiciliário aos idosos que (ainda) vivem isolados” em pequenos povoados dispersos pela Serra do Caldeirão.
O autor sublinha que as equipas percorrem “diariamente 500 Kms” — por estradas “algumas delas em péssimas condições” — e que visitam os idosos “duas vezes por dia, sete dias por semana”, prestando apoio “na higiene, na alimentação, na arrumação, no carinho humano”.
No mesmo texto, José Mendes Bota aponta que os subsídios recebidos “são iguais aos das demais instituições” e “não são actualizados há anos”, argumentando que, neste caso, os encargos associados às distâncias tornam o esforço particularmente pesado, referindo também que as carrinhas estão “já cansadas”.
Quem quiser contribuir no modelo proposto — uma garrafa por donativo de 1.000,00 euros — é convidado a contactar o autor através do e-mail [email protected]. Para quem não puder apoiar financeiramente, fica o pedido para que a mensagem seja partilhada, “para melhor o divulgar”.
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