O Governo dos Açores vai apoiar o setor da agricultura com três milhões de euros, para mitigar o aumento dos custos de produção e promover a “autonomia alimentar animal”, anunciou hoje o presidente do executivo, José Manuel Bolieiro.
As medidas foram reveladas hoje pelo presidente do Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) após uma reunião com o presidente da Federação Agrícola dos Açores (FAA), Jorge Rita, no Palácio de Sant’Ana, em Ponta Delgada.
Segundo Bolieiro, as iniciativas visam apoiar as sementeiras deste ano (que decorrem de março a junho) e incluem “um apoio de 80% na compra de sementes, milho, soro para a silagem” e para a “produção de grão”, seja para “produzir farinhas, como para integrar as rações”.
O líder regional defendeu que a medida vai permitir diminuir as “necessidades de importação” e aumentar “significativamente a capacidade produtiva” do arquipélago na área da alimentação animal para a agropecuária.
“Podemos apontar, tendo em conta a percentagem que estimamos como verdadeiro estímulo na ordem dos 80%, para o valor de cerca de três milhões de euros com este incentivo à produção local para integrar o sistema regional de energia alimentar animal”, acrescentou quando questionado pelo valor do apoio.
O Governo dos Açores pretende que a iniciativa seja suportada pelo Orçamento Regional e pelos fundos comunitários através Programa de Opções Específicas para fazer face ao Afastamento e à Insularidade (POSEI).
“Estamos, pois, também prontos para iniciar esse pedido de autorização à Comissão Europeia para esse efeito”, assinalou.
Bolieiro disse que o Governo Regional tem como “objetivo” aumentar as áreas para a produção de alimentos para os animais, uma vez que atualmente existem nos Açores “cerca de 13 mil hectares para milho de silagem”, “278 hectares de produção de soro” e “10 hectares para a produção de milho de grão”.
“Voltaremos a não realizar rateios no quadro do POSEI e do Prorural+ [programa comunitário]. Esta é uma opção tomada com enorme sucesso o ano passado e que nós asseguramos para a nova campanha”, acrescentou.
O social-democrata avançou ainda que vai ser constituído um grupo de trabalho entre o executivo, a Universidade dos Açores e a Federação Agrícola “para o desenvolvimento das culturas arvenses” no arquipélago e colocar a região “no caminho progressivo da autonomia alimentar animal”.
Segundo disse, o executivo quer ainda “implementar o melhoramento de pastagens” e introduzir “no sistema alimentar endógeno e animal o trevo e a luzerna que ajudam a enriquecer a energia alimentar”.
Bolieiro sublinhou que as medidas para o setor agrícola surgem depois de aumentos de 30% nos preços das rações, de 300% no dos fertilizantes, de 30% nos “equipamentos” e de 55% nos combustíveis.
O presidente da FAA, Jorge Rita, elogiou os apoios do executivo, que disse resultarem de um “trabalho de proximidade” entre a federação e o secretário da Agricultura e Desenvolvimento Rural, António Ventura.
O dirigente considerou que os apoios são uma “forma de atenuar a crise”, uma vez que o aumento dos custos de produção tem tido um “impacto brutal na economia agrícola”.
Jorge Rita acrescentou que o Governo Regional “tem ido muito à frente daquilo que têm sido as decisões nacionais e até europeias”.
“Estamos plenamente satisfeitos com tudo o que está a ser feito? Obviamente que não é possível, porque também sabemos a situação atual do mundo da agricultura. Mas trabalhando desta forma, com esta consonância, com a disponibilidade do senhor presidente do Governo, estamos com muito mais esperança”, concluiu.