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Governo dos Açores quer recuperar culturas tradicionais com apoio da universidade

O Governo Regional dos Açores quer recuperar culturas tradicionais, para alimentação humana ou animal, que foram caindo em desuso, num projeto que conta com a colaboração da Universidade dos Açores, anunciou hoje o secretário da Agricultura.

“Há muitas variedades tradicionais que estão a desaparecer, que são uma identidade regional e que importa conservar, quer seja num banco de sementes regional, como posteriormente no catálogo nacional de variedades”, adiantou o titular da pasta da Agricultura nos Açores, António Ventura.

O governante falava, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, à margem de uma reunião com o presidente da Faculdade de Ciências Agrárias e Ambiente da Universidade dos Açores, Alfredo Borba.

O projeto de “caracterização das variedades produtivas tradicionais”, desenvolvido em parceria com a Universidade dos Açores e com a Federação Agrícola dos Açores, estará inscrito na proposta de Orçamento da Região para 2023, com uma verba inicial de 5.000 euros.

“Vamos começar com uma verba inicial de 5.000 euros, que poderá ser reforçada ao longo do ano, porque não sabemos bem que trabalho vamos encontrar”, explicou António Ventura.

Em causa estão culturas como o milho, a fava, a tremocilha, o feijão, o chícharo ou o nabo, que existiram nos Açores, “durante séculos”, mas “estão a desaparecer”.

“Essas variedades, para além de estarem adaptadas às nossas condições edafoclimáticas, também são resistentes a determinadas doenças e aumentam as opções para a alimentação animal e humana”, frisou António Ventura.

Segundo o secretário regional da Agricultura, “alguns agricultores mantêm a produção destas sementes em pequena escala” e “pode haver interesse de empresas de pequena e média dimensão em comercializar” estas sementes para confeção de produtos tradicionais.

“Estas culturas tradicionais foram abandonadas, no caso do milho, por exemplo, por causa dos ventos. Os milhos híbridos têm uma maior resistência. Não significa que vamos substituir esses milhos pelo tradicional. Significa que vamos poder oferecer uma nova produção em pequena ou média escala. Poderá haver uma comercialização de farinha para produção do nosso tradicional pão de milho”, apontou.

O projeto, que tem uma duração de dois anos, vai exigir uma pesquisa bibliográfica e uma recolha de sementes junto dos agricultores.

“Prevemos que em finais de 2024 já possamos ter um catálogo desta identificação das culturas tradicionais produtivas nos Açores e algumas culturas já inscritas no catálogo nacional de variedades”, avançou o governante.

O presidente da Faculdade de Ciências Agrárias e Ambiente da Universidade dos Açores disse que a academia tem já um banco de germoplasma, mas reconheceu que é importante “recuperar e manter o máximo de biodiversidade possível”.

Segundo Alfredo Borba, estas culturas “foram caindo em desuso, porque apareceram espécies mais produtivas e mais resistentes ao vento”, por exemplo, mas as alterações climáticas podem torná-las de novo atrativas.

“Muitas vezes descobrem-se resistências a frios, a geadas, a ventos, à seca, em algumas variedades. E isso pode ser importante”, afirmou.


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