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GPEBO reclama maior reconhecimento e valorização do setor agropecuário e apoios para fazer mais e melhor

O GPEBO lamenta que o desempenho extraordinário e exemplar manifestado pelo setor agroalimentar, confirmado pela objetividade dos dados estatísticos do INE, pelas instituições responsáveis que regulam o setor, pelas ordens profissionais e pelo governo, através do ministério da agricultura, seja, de forma repetida, diminuído e desvalorizado por uma minoria sem escrúpulos.

Tem-se tornado habitual que, de forma irresponsável e preconceituosa, algumas associações e plataformas, a coberto de uma agenda animalista, se oponham publicamente ao agropecuário sem informação credível, fugindo à verdade e pondo em causa milhares de profissionais, populações inteiras que convivem e dependem do agropecuário e a própria sustentabilidade ambiental, económica e social de um Portugal muitas vezes esquecido.

Ainda em meados de fevereiro o INE deu nota de que as exportações agroalimentares nacionais subiram 2,5% em 2020, resultado que se afirma extraordinário a todos os níveis, face ao contexto de pandemia e às dificuldades que todos os setores de atividade encontram em operar nestas condições.

A própria ministra da agricultura, Maria do Céu Antunes, destacava nessa apresentação de resultados “a resiliência e capacidade de trabalho dos agricultores portugueses e de todo o setor agroalimentar”.

Naquilo que mais diretamente diz respeito às atividades desenvolvidas pelas empresas que constituem o GPEBO – Grupo de Produtores e Exportadores de Bovinos e Ovinos, o desempenho foi assinalável: no caso específico da exportação de animais vivos, o aumento registado em 2020, face ao ano de 2019, chegou aos 21%.

É, por isso, de lamentar que no final do mesmo mês em que são apresentados resultados relevantes e que demonstram a resposta de um setor de atividade a um desígnio nacional enunciado pelo governo português, tais plataformas tenham aproveitado um programa televisivo – na estação pública RTP – para, de forma incauta e pouco rigorosa, tentarem denegrir todo um setor de atividade, todos os profissionais que nele trabalham e todas as populações que com agricultura e com o agropecuário convivem diariamente e que, certamente, sobre o agropecuário têm opiniões muito diferentes.

Para além de uma confusão conceitos e de uma realidade que é retratada de forma parcial, enviesada e preconceituosa, o que não podemos tolerar é o anátema de “maus da fita” e de pouco respeitadores das boas práticas e do bem-estar animal que, de forma irresponsável, recai sobre todos os que vivem do agropecuário.

A quem interessa mais as boas práticas no cultivo, capazes de promover a capacidade regeneradora das terras, que aos seus proprietários e profissionais que nelas trabalham? A quem interessa mais o bem-estar animal, a sua saúde e, em última análise, a qualidade da carne, que aos produtores e exportadores?

De uma forma ridícula e quase infantil, faz-se passar a ideia, pelos que seguem agendas animalistas, que os produtores são insensíveis ao bem-estar animal e, em alguns casos, procuram até infligir dor aos animais que criam e que sustentam as suas atividades e os milhares de profissionais que diretamente trabalham nesta atividade e os muitos mais que indiretamente com ela se relacionam. Consegue-se imaginar por um minuto que tal seria possível?

Será que têm em tão má conta os portugueses e a sua capacidade de análise? Estranho é que amiúde os meios de comunicação social, pouco avisados certamente, continuem a dar eco a tão primários pontos de vista.

Os que seguem uma agenda animalista não procuram nem se preocupam com o bem-estar animal, procuram simplesmente eliminar o animal. Eliminar o animal da ementa dos portugueses, eliminar o animal das explorações, eliminar o animal dos campos. O que, para além dos fortes impactos económicos e sociais, resultaria na destruição do equilíbrio dos ecossistemas, na perda de um conjunto alargado de espécies, animais e vegetais, e na crescente desertificação e abandono das terras.

O setor agropecuário tem sido resiliente, capaz de se reinventar e de estar à altura das mais elevadas expectativas, tanto dos governos, como das populações.

Tem resistido de forma exemplar e, sem praticamente quaisquer apoios ao nível da produção e da exportação, conseguiu alterar por completo o panorama nacional nos últimos anos.

O perfil da produção alterou-se. Aquilo que era, em muitos casos, um mercado sazonal e incipiente passou a ser uma atividade forte, diversificada e sustentável, tanto em quantidade como em qualidade.

Os produtores investiram e trouxeram o conhecimento e a tecnologia para dentro do setor, promoveram-se boas práticas na produção, melhoraram-se as condições sanitárias e de bem-estar animal como nunca havia acontecido, revigorou-se um setor que estava em decadência, tornando-o capaz de captar novas gerações de profissionais para estas atividades e de alterar o perfil do agricultor.

Portugal tornou-se menos dependente do exterior num setor tão crítico e estratégico como é o do agropecuário. A qualidade da produção portuguesa, naquilo que diretamente diz respeito aos bovinos e ovinos, melhorou bastante, não apenas em quantidade, mas principalmente em qualidade.

O melhor e mais irrefutável indicador desta realidade é o crescimento da atividade e o reconhecimento dessa qualidade, não só no nosso país, mas também nos mercados de destino.

Poderia esta atividade prosperar se não fosse rigorosa e se não tivesse implementado as melhores práticas sanitárias e de bem-estar animal?

Alguém se importou em verificar as condições de produção? Alguém procurou saber as condições de exportação? Alguém consultou as taxas de mortalidade e morbilidade no transporte? Interessa verificar a realidade ou apenas continuar a manchar uma atividade estratégica e da maior importância para o país?

Os produtores, com o apoio do governo e das autoridades competentes estão, como sempre estiveram, disponíveis para introduzir melhorias no sistema e para responder aos desafios da digitalização e do salto tecnológico que o agropecuário enfrenta. O que não podem é estar sujeitos a críticas sem fundamento e à exigência de medidas avulsas que desregulam e comprometem a competitividade do setor e que não têm como objetivo melhorar a atividade, mas sim destrui-la, como é assumido abertamente pelas entidades que se posicionam contra o agropecuário.

Graças às excelentes condições naturais de que o nosso país beneficia e à privilegiada posição geoestratégica que ocupa, Portugal pode ser uma referência de qualidade no agropecuário a nível internacional. Assim sejam o interesse e a atenção que os governos e as entidades competentes queiram dedicar ao setor.

Os produtores e os exportadores estão disponíveis para aceitar o desafio.


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