Depois das energias renováveis, o grupo MCA, tradicionalmente ligado à construção rodoviária em Angola, continua a procurar novas áreas de negócios e vai agora investir no setor da água.
Em entrevista à Lusa, Elisabete Alves, a presidente do grupo de origem portuguesa, que está prestes a inaugurar em Benguela um dos maiores parques fotovoltaicos de África, falou sobre a nova aposta, explicando que o objetivo é responder aos desafios da seca e da agricultura.
“O nosso ‘core business’ tem sido as infraestruturas, sobretudo rodoviárias, mas queremos iniciar o desenvolvimento da área da água, no sentido de encontrar soluções para combater a seca e potenciar a capacidade agrícola dos terrenos, nomeadamente redes de irrigação, mas também no tratamento e abastecimento de água”, declarou.
O objetivo é “manter as estradas, continuar a aposta nas energias – que tem corrido muito bem – e iniciar uma nova área que passa pelas soluções de irrigação”.
O parque solar do Biópio (Benguela), cuja inauguração deve acontecer ainda este mês, foi o primeiro projeto de energias renováveis da MCA e Elisabete Alves descreve a experiência como “enriquecedora”, não só pela questão tecnológica e por envolver uma nova área de negócio, mas também porque foi desenvolvido em plena pandemia, apresentando desafios ainda maiores.
A MCA vai dar continuidade aos projetos solares fotovoltaicos em Angola, mas desta vez através de sistemas de micro e míni-redes, com recurso a armazenamento em baterias, para levar energia às zonas mais isoladas do leste e centro do país (Moxico, Lunda Norte, Lunda Sul, Malanje e Bié), que não estão ligadas à rede nacional.
Trata-se de 48 sistemas com potências variáveis, entre menos de 1 megawatt e 30 megawatts, que envolvem um contrato superior a mil milhões de euros. O financiamento vai ser assegurado pela agência de crédito à exportação da Alemanha, Euler-Hermes.
Segundo Elisabete Alves, a MCA está ainda a ultimar as questões ligadas ao financiamento para passar depois ao desenvolvimento do projeto de execução e arrancar com a construção, o que deverá acontecer ainda este ano, estando previsto um prazo de execução de três anos.
A presidente da MCA mostrou-se otimista quanto ao futuro de Angola é otimista, não só na área das energias renováveis, nomeadamente o soar fotovoltaico “que tem um potencial tremendo”, mas também no incremento do potencial agrícola do país.