“Há razões para desconfiar dos preços nos super e hipermercados”

José Gomes Ferreira saúda o facto de a ASAE ter, finalmente, centrado prioridades na fiscalização ao aumento injustificado dos preços do cabaz alimentar, e deixa um apelo aos operadores para que “ponham a mão na consciência” e redução os níveis de “ganância”.

A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) tem estado no terreno e, esta quinta-feira, deu conta de 51 processos-crime que instaurou por especulação no setor dos bens alimentares e de 91 processos contraordenacionais. Também o ministro da Economia prometeu medidas “musculadas”. E ainda bem, na opinião de José Gomes Ferreira.

“O setor da distribuição tem muitas contas a prestar ao país. O que aconteceu nos últimos tempos foi que para determinados produtos, que são colocados nas prateleiras dos pequenos, super e hipermercados, há um conjunto de práticas desde o preço da prateleira que depois é diferente na caixa, ao valor que é cobrado pelos produtos que aumentou exponencialmente quando não se encontra razão objetiva. Há muitas explicações a dar”, insiste.

Mas é positivo, diz, que “finalmente a ASAE está a centrar as suas prioridades”, depois do “empurrão” dado pelos jornalistas e pelo Governo. Até porque, prosseguiu, “há razões que levam a desconfiar do nível de preços que é praticado nos super e hipermercados. Há um exagero e uma especulação aí e também é verdade, quando a distribuição tem razão quando diz que alguns preços já vem muito elevados na produção tanto nacional, como externa”.

José Gomes Ferreira chamou ainda a atenção para um facto relevante. Este aumento está a acontecer “precisamente nas componentes do cabaz de compras das pessoas mais pobres”, ou seja, de produtos básicos, como legumes. Por isso, apelou aos operadores: “vejam o que andam a fazer, ponham a mão na consciência. Isto é um problema ético”.

Estabelecendo um paralelismo com o setor da distribuição de combustíveis líquidos, José Gomes Ferreira explicou que as diferenças. “Cada vez que sobe o preço do crude, as operadoras de distribuição ganham muito mais porquê? Aumentam a margem bruta, até o Estado aumenta a sua cobrança. Portanto ganham todos e isto interessa a todos. No caso da distribuição, (…) não pode negar que de facto há diferenças de preço entre a aquisição ao produtor e lucros de 45, 50 e 53% são altamente censuráveis”.

Apesar de não ser uma margem de lucro líquida, como sustenta a Associação Portuguesa de Empresas e Distribuição (APED), mas sim “margem bruta, ou seja, tem que ser descontado todo o custo da logística, salários dos trabalhadores, eletricidade, mas mesmo assim continua a ser elevadíssimo” o valor ganho. (..) Tiveram e vão ter muitos lucros”.

“O lucro é legítimo. A questão é que tem que haver menor ganância para que estes operadores tenham o seu lugar e imagem social preservados. Não queiram ganhar tudo num dia” em prejuízo da maioria e, sobretudo, dos mais pobres, criticou José Gomes Ferreira.

Veja a reportagem em SIC Notícias.


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