Herdade em Montemor-o-Novo faz uma agricultura diferente do habitual.
Num ano marcado pela seca severa e extrema em todo o território continental português, com queixas recorrentes dos agricultores, há uma herdade em pleno Alentejo onde o proprietário recusa a ideia de seca.
A sua Herdade do Freixo do Meio, com 600 hectares, onde trabalham mais de trinta pessoas, é uma referência no mundo da agricultura biológica sem químicos e da agroecologia – uma agricultura adaptada ao clima e às alterações climáticas que segue métodos muito diferentes da agricultura intensiva que se tem expandido na região.
A prática e o discurso do seu proprietário, Alfredo Sendim, é diferente e crítico em relação a grande parte da agricultura que se pratica no país, mas tem suporte científico, como explica David Avelar, biólogo, especialista em alterações climáticas e investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
No Freixo do Meio o mais importante é proteger o solo para garantir a eficiência do ciclo da água que acaba por surgir nas charcas. A água não é muita, mas suficiente para os animais e para culturas que se adaptam às condições climatéricas do Alentejo.
“Não me revejo nesse queixume e nessa concepção da sociedade atual de ‘ano sim, ano não’ determinar uma seca. O que está mal não é a seca, mas sim os modelos que tentamos implementar que não são compatíveis com este clima e depois vimos determinar secas”, afirma Alfredo Sendim.