
Com a primavera já instalada por todo o território nacional e o verão a aproximar-se rapidamente, muitos portugueses começam a organizar as suas férias no Algarve. Os dias de descanso são, muitas vezes, passados na praia, intercalados com refeições em restaurantes locais. Contudo, neste verão, poderá optar por sair da rotina habitual e conhecer um local algarvio que em tempos foi um vulcão, situado junto a uma praia bastante conhecida.
A chamada Rocha Negra encontra-se nas imediações da Praia da Luz, no concelho de Lagos, e é uma estrutura geológica que se destaca na paisagem do barlavento algarvio. O seu aspeto robusto e a coloração escura distinguem-na das demais formações rochosas da região. Esta rocha torna-se especialmente visível ao caminhar na direção Este, onde se ergue como uma barreira natural que delimita a praia.
Registo de um vulcão com milhões de anos
Com uma altura aproximada de 40 metros, a Rocha Negra corresponde ao que resta da antiga chaminé de um vulcão extinto. De acordo com o portal Algarve Marafado, esta estrutura formou-se há mais de 70 milhões de anos. Trata-se de lava solidificada que resistiu ao desgaste causado pela erosão, permanecendo como uma evidência da atividade vulcânica que, em tempos, influenciou a formação geológica da região.
O vulcão responsável pela origem desta formação remonta ao final do período Cretácico, que sucedeu ao período Jurássico. Nessa altura, a Península Ibérica encontrava-se parcialmente isolada e afastava-se lentamente do continente americano devido à movimentação das placas tectónicas. Este processo contribuiu para o surgimento de novas formações geológicas em diversas zonas do território.
Um nome comum para uma estrutura singular
Conhecida localmente como Ponta das Ferrarias, a Rocha Negra integra o que seriam as paredes internas deste antigo vulcão. Apesar de não ter as dimensões de vulcões, como o Etna ou o Vesúvio, conserva traços vulcânicos bem definidos. A sua forma e constituição fazem da Rocha Negra um exemplo geológico de relevância e um elemento distintivo na paisagem da costa algarvia.
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Formação do Atlântico e impacto na região
A abertura do Oceano Atlântico resultou da separação das placas tectónicas, criando fragilidades na crosta terrestre. Por essas fissuras, o magma conseguiu subir até à superfície, dando origem a estruturas como a Rocha Negra. Assim, esta formação é uma consequência direta das dinâmicas internas da Terra ocorridas há milhões de anos.
O percurso geológico da Península Ibérica
A movimentação da Península Ibérica ao longo do tempo foi marcada por deslocações em várias direções, com um movimento geral em sentido contrário ao dos ponteiros do relógio. Estes movimentos contribuíram para a configuração geológica atual de várias regiões do país, nomeadamente do Algarve, onde se insere a Rocha Negra.
Para compreender melhor este fenómeno pode recorrer-se a uma analogia culinária: tal como num petit gâteau, onde o recheio escorre por aberturas quando sujeito a pressão, o magma subiu através de falhas na crosta terrestre. Foi esse processo que originou a formação da Rocha Negra e de outras estruturas vulcânicas ainda visíveis em Portugal.
Outras marcas vulcânicas na zona
Na própria vila da Luz é possível encontrar mais vestígios da antiga atividade magmática. Um exemplo está localizado num jardim privado, no centro da vila: uma pequena formação vulcânica que revela a extensão da ação do magma nesta área. Estes sinais reforçam o valor científico e patrimonial do estudo geológico local.
Um vulcão adormecido há milénios
A Rocha Negra encontra-se inativa há mais de 10 mil anos, o que a classifica como um vulcão extinto. Ainda assim, continua a atrair o interesse de especialistas, visitantes e habitantes locais devido à sua aparência singular e ao seu significado no contexto natural e científico da costa algarvia.
Por fim, é importante destacar que esta formação rochosa não é apenas uma elevação junto ao mar. Representa uma página importante da história geológica da Península Ibérica e um testemunho da força dinâmica do planeta. A Rocha Negra mantém-se como um símbolo do passado geológico e da evolução do território português.
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