Escrevi há cerca de duas semanas um editorial onde referia a contestação do setor face à atual situação política na agricultura, com o esvaziamento do ministério da Agricultura e reestruturações que deixam os agricultores inseguros e desapoiados.
As trapalhadas na nomeação para a anterior secretária de Estado, e o vazio que se seguiu, agudizaram este sentimento e o contexto estava a ficar mais complicado de dia para dia, culminando no ‘lapso’ da exclusão da CAP do Comité de Acompanhamento do PEPAC. Felizmente que este editorial ficou, em parte, desatualizado. Na passada terça-feira à noite (14 de fevereiro) foi anunciada a nomeação de um novo secretário de Estado da Agricultura: Gonçalo Caleia Rodrigues, um nome reconhecido pelo setor pela sua capacidade técnica.
Esta nomeação abre uma janela de esperança para os agricultores. Não conhecendo a sua habilidade política e capacidade de influenciar, Gonçalo Rodrigues entra no Governo com uma vantagem inestimável no atual contexto: sabe o que é a agricultura moderna, profissional e capacitada. Entende as suas necessidades. Tem pensamento crítico. Vai ter uma tarefa árdua, muito árdua, para recuperar a consistência de um ministério à deriva, mas parte com o setor a dar-lhe o voto de confiança que precisa para trabalhar. E esta é mesmo a palavra-chave para os tempos que se avinham, os agricultores precisam de voltar a confiar nos seus governantes. De resto, mãos à obra!
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.