Só em 2022 os cereais vão encarecer mais de 20%, a energia mais de 50% e os fertilizantes quase 70%. Preços só devem aliviar em 2023, mas manter-se a níveis elevados por mais tempo do que inicialmente previsto.
A guerra na Ucrânia desferiu um golpe significativo nos mercados de ‘commodities’, impondo mudanças de paradigma em praticamente todas as frentes, desde a produção, ao comércio até consumo, que irão manter os preços em níveis historicamente elevados em termos nominais até ao final de 2024, antecipa o Banco Mundial (BM).
No mais recente relatório ‘Commodity Markets Outlook’, a organização sediada em Washington dá dois exemplos de uma conjuntura que vem de trás e que o conflito armado veio e vai continuar a agudizar: nos últimos dois anos (entre abril de 2020 e março de 2022), os preços da energia sofreram o maior aumento desde a crise petrolífera de 1973, enquanto as subidas dos alimentos e fertilizantes – que têm a Ucrânia e a Rússia como grandes produtores mundiais – foram as maiores desde 2008.
E as perspetivas em termos da evolução dos preços para o conjunto do ano estão longe de ser animadoras. Falando sempre em termos nominais, o Banco Mundial assinala que os preços da energia, por exemplo, devem crescer 50,5% este ano, antes de aliviarem a partir do próximo, enquanto os de outras categorias como os dos produtos agrícolas e dos metais, devem sofrer um incremento na ordem dos 20% antes de também moderarem nos anos seguintes. No entanto, aponta, em termos globais, os preços das matérias devem manter-se bastante acima da média dos últimos cinco anos.
A instituição ressalva, porém, que os preços podem ser ainda mais elevados e voláteis do que o projetado agora, no caso a guerra se prolongar ainda mais no tempo e perante a imposição de sanções adicionais contra a Rússia.
Entre as categorias destaca-se a energia. Devido às disrupções na produção e comércio causadas pela guerra, o Banco Mundial prevê que o barril de Brent (que serve de referência à Europa) custe em média 100 dólares em 2022, o valor mais elevado desde 2013 e que, face ao ano passado, reflete um aumento superior a 40%. E se bem que os preços devem aliviar em 2023 para 92 dólares por barril esse valor continua ainda assim bastante acima da média de 60 dólares registada no […]