Importa falar de pão, mesmo quando as partes estão a carregar as armas – Victor Ângelo

António Guterres deslocou-se esta semana a Kyiv, para se encontrar com o Presidente Zelensky. A justificação aparente dessa viagem ficou ancorada na importância de renovar o acordo respeitante à exportação de cereais e de fertilizantes provenientes quer da Rússia quer da Ucrânia e que são escoados através do Mar Negro. O acordo, promovido pela ONU e pela Turquia com cada um desses países, tem funcionado razoavelmente. Os impedimentos em matéria de frete marítimo, de seguros de carga e de execução de transferências bancárias, passíveis de dificultar as exportações provenientes da Rússia, têm sido progressivamente resolvidos. Assim, à primeira vista, não parece existir uma razão forte que possa prejudicar a renovação do acordo, a partir de 18 de março. A Rússia e a Ucrânia têm interesse na continuação do mecanismo. As exportações trazem benefícios económicos e diplomáticos para ambos os países. Mais ainda, este ano os russos tiveram uma produção cerealífera bastante boa.

A visita do Secretário-Geral era igualmente uma oportunidade para permitir um melhor entendimento das intenções políticas da direção ucraniana e para lembrar à opinião pública internacional que a ONU está pronta para desempenhar o papel político que a Carta das Nações Unidas lhe confere. É verdade que o sistema da ONU tem várias atribuições e que algumas delas, como a dimensão humanitária ou a supervisão das matérias ligadas à energia nuclear, estão presentes na Ucrânia e desempenham funções relevantes. […]

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