O incêndio que deflagrou em julho no concelho de Murça, Vila Pouca de Aguiar e Valpaços, no distrito de Vila Real, teve uma taxa de expansão de 3.000 metros por hora “no período mais crítico”, foi hoje revelado.
Num ‘briefing’ operacional, na aldeia de Penabeice, onde duas pessoas morreram na sequência do incêndio que deflagrou em julho e hoje visitada pelo Presidente da República e pelo ministro da Administração Interna, o comandante nacional da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), André Fernandes, afirmou que a taxa de expansão do incêndio revela a “intensidade e energia libertada”.
“Este incêndio teve uma taxa de expansão no seu período mais crítico de 3.000 metros por hora e na sua taxa de expansão máxima, cerca de 2.000 hectares por hora. Portanto, podemos ver a intensidade e energia libertada por este incêndio”, afirmou.
O fogo, que teve início a 17 de julho pelas 16:00, consumiu 7.053 hectares de área, sendo que destes, 5.000 hectares foram áreas de “mato” e os restantes, área povoada com “maior incidência de pinhal, carvalhos e castanheiros”.
“Esta era uma zona que não ardia há vários anos e tinha uma taxa de combustível de cerca de 80% da área afetada na taxa mais elevada”, afirmou o comandante, dizendo ainda que 45% da área afetada pelo fogo tinha um declive superior a 45% e que 23% rondava os 30 a 45% de declive.
“A progressão dos meios é difícil, senão quase impossível”, observou.
André Fernandes afirmou ainda que foi possível prever a formação de um pirocúmulo [nuvem de fogo], o que permitiu alterar a estratégia dos meios de combate ao incêndio e “evitar ao máximo” danos no património e na população.
“No incêndio foram afetadas 23 aldeias, 14 só no concelho de Murça”, destacou André Fernandes.
A visita à aldeia de Penabeice contou ainda com a presença do presidente da ANEPC, Duarte da Costa, que aos presentes adiantou que no combate a este incêndio estiveram 5.000 bombeiros e que, fruto de um “ataque inicial efetivo” foi possível evitar que outras 48 ocorrências não escalassem no distrito.
O fogo que deflagrou em julho, em Murça, consumiu área em três concelhos do distrito de Vila Real, nomeadamente em Murça, Vila Pouca de Aguiar e Valpaços, para onde se estendeu, revelou, na altura, o presidente de Murça, Mário Artur Lopes.
“Mais de metade do concelho de Murça foi atingido por este incêndio”, afirmou o autarca.
Foi a sair da aldeia que um casal, com 69 e 72 anos, morreu, depois do carro onde seguia ter caído numa ravina.
Foram encontrados já mortos numa área queimada pelo incêndio.