O presidente da Câmara de Castelo de Paiva considera que os apoios do Governo à economia local, após o incêndio de 2017, ficaram aquém das expetativas e alerta que, desde então, “pouco foi feito” no ordenamento florestal.
“Foram poucos os empresários [afetados pelo incêndio] que conseguiram aceder aos apoios, porque exigiam também um esforço financeiro muito grande e nem todos, nomeadamente os que já apresentavam maiores dificuldades, puderem socorrer-se dos mecanismos”, comentou o autarca, acrescentando: “Foi um processo burocrático muito demorado para quem viu todos os seus bens reduzidos a cinzas”.
José Rocha, do PSD, cumpre o seu primeiro mandato como presidente, tendo herdado, há cerca de um ano, do seu antecessor, o socialista Gonçalo Rocha, o que restava fazer do trabalho de recuperação do concelho.
Do lado da floresta, referiu à Lusa que a situação atual de “desordenamento está pior do que antes do fogo” que consumiu cerca de 60% da mancha verde do município, maioritariamente formada por eucaliptal.
Em Castelo de Paiva, no norte do distrito de Aveiro, o incêndio dos dias 15 e 16 de outubro de 2017 deixou desalojadas 15 famílias, cujas habitações ficaram destruídas, e danificou várias empresas.
Cinco anos depois, lamentou hoje o autarca, só este ano foi possível concluir a recuperação da última das 10 casas, consideradas de primeira habitação, destruídas pelo fogo, com apoios disponibilizados pelo Governo – cerca de um milhão de euros.
Por outro lado, alertou, a situação atual da floresta pode desencadear uma situação semelhante à de 2017, quando as chamas evoluíram muito rapidamente, também devido ao vento forte que se fazia sentir.
“Neste momento, há uma desorganização muito grande da nossa floresta, com mais matéria combustível do que acontecia antes do incêndio”, reforçou José Rocha admitindo que, “se se conjugarem todos os fatores que se conjugaram naquela fatídica madrugada, pode-se estar perante outro panorama idêntico”.
Para o presidente da câmara, “é preciso fazer mais”, porque “algumas zonas foram replantadas por iniciativa dos populares, mas ao nível do ordenamento florestal nacional muito pouco foi feito”, assistindo-se a “um crescimento da floresta através da regeneração natural das árvores”.
“Apelamos ao Governo para que nos dê mecanismos e diretrizes para que possamos colaborar no reordenamento florestal”, concluiu.