O segundo comandante regional do Norte da Proteção Civil disse hoje que 90% do incêndio que lavra há quatro dias em Murça, no distrito de Vila Real, já se encontra em “fase de consolidação, rescaldo e vigilância”.
De acordo com Armando Silva, “o incêndio continua ativo com uma pequena frente que ainda continua a lavrar, mas com pouca intensidade e com meios empenhados em combate”.
“Mas mais de 90% do incêndio já está em fase de consolidação, rescaldo e vigilância”, salientou, no ponto da situação que fez pelas 20:00.
Segundo especificou, “ainda está arder uma pequena linha de pouco mais de uma centena de metros” junto a um ribeiro, com meios no terreno.
De acordo com a página da Autoridade Nacional da Proteção Civil, esta continuava a ser o incêndio que mais meios mobilizava em Portugal, com 829 operacionais, 278 viaturas e cinco meios aéreos, por volta das 20:00.
Relativamente aos meios, o segundo comandante regional indicou que “vai ser sempre feita uma avaliação das necessidades no terreno e face a essa avaliação será redefinido o número de meios a estar presente”.
“Irá haver um acompanhamento permanente durante a noite porque o risco de reativações continua seguramente, embora com menos intensidade, até pela diminuição a temperatura”, acrescentou.
Este incêndio começou na tarde de domingo, em Cortinhas, no concelho de Murça e estendeu-se aos municípios vizinhos de Valpaços e Vila Pouca de Aguiar.
O presidente da Câmara de Murça, Mário Artur Lopes, estimou, na terça-feira, que o fogo tenha consumido entre 10.000 a 12.000 hectares nos três concelhos atingidos.
Mário Artur Lopes afirmou que “mais de metade do concelho” de Murça foi atingido pelo incêndio, que teve uma evolução “muito rápida”, empurrado pelo vento.
O fogo colocou aldeias em perigo e foi necessário proceder a evacuações preventivas. Populares maioritariamente idosos foram retirados e pernoitaram na residência de estudantes, no pavilhão desportivo ou em casa de familiares.
O autarca disse ainda que o cenário é “desolador” e o sentimento é de “desilusão e de frustração”.
“Há dois dias tínhamos um concelho completamente diferente (…) Para além das perdas humanas, que infelizmente aconteceram, mas também a dimensão emocional que é de profunda tristeza e consternação”, salientou.
Foi a sair da aldeia que um casal de idosos morreu, depois do carro onde seguiam ter caído numa ravina. Foram encontrados já mortos e as causas do acidente estão a ser investigadas pela GNR.
Mário Artur Lopes disse não ter conhecimento de casas de primeira habitação atingidas pelo fogo, e apontou para casas devolutas, anexos e armazéns que possam ter ardido, bem como áreas de oliveiras, castanheiros e apiários.