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Incêndios: Associações defendem estratégia “séria e transversal” para a serra da Estrela

Associações e movimentos cívicos da serra da Estrela discutiram as “grandes preocupações e desafios” que se colocam ao território após os incêndios e consideraram que agora será a oportunidade para aplicar uma estratégia “séria e transversal”.

Em comunicado dirigido ao ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, as 14 entidades subscritoras referiram que esta será “a derradeira oportunidade para se desenhar uma estratégia séria e transversal de conservação e recuperação” da serra da Estrela, “tanto a nível ambiental, como económico e sociocultural”.

Depois de discutirem “as grandes preocupações e desafios que se antecipam” para o território, “nas próximas semanas e meses”, e de se disponibilizarem a contribuir para o relatório de diagnóstico, as associações lembraram que têm um papel importante no envolvimento das comunidades que, a par de facilitarem o acesso à informação, são “fundamentais no desenho e implementação das estratégias de desenvolvimento local”.

“Qualquer estratégia que se venha a desenhar para a reconstrução dos ecossistemas e dos modos de vida das comunidades existentes na área do Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE) deverá ser idealizada a partir das bases, tendo em consideração as especificidades dos diferentes locais da serra da Estrela e em colaboração com os agentes locais”, apontaram.

Segundo o comunicado conjunto do movimento associativo enviado hoje à agência Lusa, a estratégia a desenvolver para o PNSE “deve ser sustentável e, como tal, estar alicerçada na diversidade de atividades sociais, culturais e económicas que fazem parte da serra da Estrela, nomeadamente as atividades tradicionais, mas também o turismo sustentável e atividades agrossilvopastoris que são, elas mesmas, responsáveis pela gestão e segurança de grande parte da paisagem”.

“A par da estratégia de recuperação ambiental alicerçada na promoção das atividades tradicionais, a serra da Estrela é um espaço amplo e abrangente para potenciar o desenvolvimento de uma sucessão ecológica funcional com ecossistemas diversos, completos e abundantes em fauna e flora que diferenciam a recuperação deste território com vista à sua resiliência futura face aos desafios climáticos e antropogénicos do futuro”, defenderam.

As associações também alertaram para as dificuldades associadas às questões da propriedade dos terrenos, “que podem ter elevado impacto na capacidade de implementação da estratégia que venha a ser desenhada” e recomendaram “que seja tida em consideração a diversidade de conhecimento já produzido/evidência e as boas práticas já implementadas em outras áreas protegidas nacionais e internacionais no processo de definição da estratégia de recuperação e reconversão do PNSE”.

A serra da Estrela foi afetada por um incêndio que deflagrou no dia 06 de agosto em Garrocho, no concelho da Covilhã (distrito de Castelo Branco) e que foi dado como dominado no dia 13.

O fogo sofreu uma reativação no dia 15 e foi considerado novamente dominado no dia 17 do mesmo mês, à noite.

As chamas estenderam-se ao distrito da Guarda, nos municípios de Manteigas, Gouveia, Guarda e Celorico da Beira, e atingiram ainda o concelho de Belmonte, no distrito de Castelo Branco.

No dia 25, o Governo aprovou a declaração de situação de calamidade para o PNSE, afetado desde julho por fogos, conforme pedido pelos autarcas dos territórios atingidos.

A situação de calamidade foi já publicada em Diário da República e vai vigorar pelo período de um ano, para “efeitos de reposição da normalidade na respetiva área geográfica”.


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