Até às 19:00 de hoje foram registados 171 incêndios em Portugal, dos quais 27 permaneciam ativos a essa hora, sendo que 14 são considerados ocorrências significativas, adiantou hoje o comandante nacional da Proteção Civil.
Os dados foram adiantados ao final da tarde, no ‘briefing’ das 19:00 na sede da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), em Carnaxide, no concelho de Oeiras (Lisboa), pelo comandante nacional de Emergência e Proteção Civil, André Fernandes.
“[Um total de] 171 novas ignições foram registadas até às 19:00 do dia de hoje. Obviamente esta é uma situação que põe muitos meios alocados ao ataque inicial e destas 27 ainda estão ativas a esta hora. Nestas 27 no seu total [estão envolvidos] 2.654 operacionais, 793 veículos e 30 meios aéreos nestes ataques ampliados”, resumiu o comandante nacional André Fernandes, no mais recente ponto de situação.
Entre as 14 ocorrências consideradas significativas pela Proteção Civil em curso àquela hora, o comandante nacional destacou os incêndios de Abuil, em Pombal, que envolvem 450 operacionais, o de Caranguejeira, em Leiria, com 371, o de Faro, com 370 e o de Palmela, com 460.
André Fernandes referiu que os principais incêndios ativos “desenvolvem-se junto a áreas habitacionais, com ‘interface’ urbano-florestal, o que complica as operações de socorro”, sendo dada prioridade à salvaguarda de vidas e habitações.
A área ardida desde o início da onda de calor até ao momento, disse, está estimada em 10 mil hectares, e não há vítimas mortais a registar, pelo que André Fernandes disse acreditar que mesmo no contexto de uma situação que “é extrema” será possível chegar ao fim da situação de contingência “sem danos de maior”.
Já foram feitos de reforços de meios que no total envolvem 1.206 operacionais, destacando-se o reforço de corpos de bombeiros, máquinas de rasto no terreno, meios de socorro do INEM e a mobilização de seis pelotões militares, entre outros.
Os dados da Proteção Civil apontam que a maioria das ignições ocorre entre as 12:00 e as 17:00, um período no qual se registam as temperaturas mais elevadas e em que o combate é mais difícil, sublinhando que é necessário “inverter esta situação”.
Há registo de casas ardidas, mas o balanço consolidado entre primeiras e segundas habitações e imóveis de apoio agrícola e para outros fins ainda não está fechado.
André Fernandes adiantou ainda que centenas de pessoas que foram retiradas das suas casas devido aos incêndios na região de Leiria já voltaram às habitações e “a situação tende a normalizar”.
Questionado sobre o descanso e rotação de operacionais, André Fernandes disse que “está a ser feita dentro do que são as possibilidades”, sublinhando que se vive uma “situação excecional”.
Referiu ainda que o abastecimento dos tanques dos bombeiros para combate aos incêndios está a ser feito nos pontos sinalizados para o efeito e que as falhas de fornecimento de água na rede pública “são pontuais e rapidamente restabelecidas”.
Também a rede de comunicações de emergência SIRESP está a funcionar em sem falhas, acrescentou.
O prolongamento do estado de contingência no país está a ser avaliado pela Proteção Civil, mas de um ponto de vista de assessoria técnica, explicou ainda André Fernandes, que não tomou qualquer posição relativamente à necessidade desse prolongamento.
“Esta é uma situação inédita, eu relembro que o IPMA colocou 16 distritos em aviso vermelho, algo que não acontecia há vários anos. A situação é grave, é de facto extrema. Temos que adequar os nossos comportamentos”, apelou o comandante nacional.