Incêndios: combate inovador arranca em 2022

Em 2022, o Parque das Serras do Porto será palco de um projeto inovador de vigilância de incêndios em Portugal, que, além de detetar, antecipa a evolução dos fogos, permitindo um combate mais proativo.

Com uma extensão de seis mil hectares, as serras de Santa Justa, Pias, Castiçal, Santa Iria, Flores e Banjas, no território dos municípios de Gondomar, Paredes e Valongo, todos na Área Metropolitana do Porto (AMP), vão receber as primeiras três das sete torres de vigilância que serão instaladas pela REN, em parceria com a Universidade de Coimbra, ao abrigo do projeto rePLANT.

Numa segunda fase, as restantes quatro torres serão colocadas nos concelhos de Góis (Alvares, Cadafaz e Colmeal) e Nisa (São Matias), alargando-se o projeto a todo o país.

Os sistemas de vigilância a instalar são compostos por câmara de vídeo, uma câmara térmica e ótica, e por uma estação meteorológica. No total, o projeto representa um investimento de 2,1 milhões de euros e entrará em operação no primeiro semestre de 2022, quando estará concluída a primeira torre em Recarei, no concelho de Paredes.

“Cada câmara terá um alcance de 10 quilómetros e funcionará em 360 graus”, afirmou João Gaspar, da REN, explicando o caráter inovador deste sistema: “A diferença para os sistemas que já existem é o facto de aliar a deteção de incêndios à sua monitorização, ou seja, vai permitir o acompanhamento do fogo e, dessa forma, prever para onde pode evoluir, fazendo com que seja mais proativo o combate às chamas”.

Prever para onde vai o fogo

A Universidade de Coimbra é um dos parceiros do projeto, com intervenção na definição dos requisitos e especificações dos sistemas sensoriais que são instalados nas torres e na simulação da propagação e comportamento do fogo. Segundo Carlos Viegas, desta universidade, foi criado um algoritmo que permite medir em tempo real “a velocidade do vento ou a temperatura do ar, informações que, colocadas nos sistemas de propagação, permitirão prever para onde vai o fogo no prazo de uma, duas ou três horas”.

“Não tenho conhecimento que haja um sistema tão completo como este. É capaz de ver por entre a neblina, pois estamos a falar de vários tipos de sensores, onde estão o vídeo, mas também há os térmicos, na gama do infravermelho térmico, que permitem ver através do fumo, poeira, neblinas e até através de alguma vegetação”, acrescentou Carlos Viegas.

O rePLANT é um projeto tecnológico inédito, que junta empresas e universidades para a valorização e defesa da floresta. É liderado pela Navigator Forest Portugal e tem coordenação técnico-científica do CoLAB ForestWISE. Iniciado em 2019, engloba 20 entidades e irá trazer novas tecnologias para desenvolver a competitividade do setor florestal e tornar mais segura a floresta portuguesa, num investimento de cerca de seis milhões de euros.

Saiba mais sobre o rePLANT em https://replant.pt/.


por

Etiquetas: