O presidente da Comissão Distrital de Proteção Civil de Viana do Castelo apelou hoje à “prontidão máxima” dos agentes de prevenção e combate a incêndios e à população da região, face aos dias de “muito calor” que se avizinham.
“A ideia é estarmos em prontidão máxima. Isto quer dizer que, nos próximos dias, temos de agir preventivamente e reagir imediatamente”, apelou Miguel Alves, alertando que o Alto Minho está em “alerta máximo” a partir de hoje, dia de início da situação de contingência declarada pelo Governo e que se prolonga até sexta-feira.
Em declarações à agência Lusa no Centro Operacional Distrital (CDOS) de Viana do Castelo, no final de uma reunião com o primeiro e segundo comandantes Operacionais Distritais (CODIS), Marco Domingues e Paulo Barreiro, respetivamente, Miguel Alves explicou que “agir preventivamente é vigiar as florestas e montanhas, evitar comportamentos de risco, papel que passa pela fiscalização das autoridades, mas essencialmente pelo comportamento das pessoas”.
“Não podem fazer fogo, não podem trabalhar com máquinas agrícolas, não devem lançar fogo de artifício. As Juntas de Freguesias do distrito de Viana do Castelo devem fazer acompanhamento mais apertado a pessoas que normalmente tem problemas associados a fogo posto e alcoolismo”, disse, insistindo que “o trabalho de proximidade que as Juntas de Freguesia podem fazer ajuda muito, ao lado da GNR, a encontrar e confinar estas pessoas.
Miguel Alves, que é também presidente da Câmara de Caminha, adiantou que “reagir imediatamente” é ter o dispositivo de combate a incêndios “preparado para que logo que haja alerta de um fogo, as máquinas, cisternas, e os operacionais irem para o terreno”.
“Estamos a falar com todos os municípios, com todas as Juntas de Freguesia e Conselhos de Baldios para terem os tratores e as máquinas pesadas preparadas, com combustível, absolutamente operacionais. Os recursos humanos também devem ser contactados para estarem disponíveis imediatamente, as cisternas devem estar atestadas de combustível e cheias de água, e os furos que garantem o abastecimento devem estar limpos e desimpedidos”, pediu.
Miguel Alves destacou que “as condições objetivas deste ano e dos próximos dias são as mais graves de sempre, pela conjugação de temperaturas elevadas, algum vento e uma humidade relativa muito baixa, porque 2022 é o segundo ano com menos precipitação desde que há registo”.
“Nos últimos anos o distrito teve sucesso no combate aos incêndios e o combustível nas nossas florestas é muito. Estamos perante uma tempestade perfeita”, reforçou.
Para o responsável, o cenário é agravado “pelas dificuldades existentes no Alto Minho, com um índice de operacionais por ocorrência do mais baixo de todo o país e por dispor de apenas um meio aéreo para servir os 10 concelhos do distrito de Viana do Castelo”.
Além da reunião desta manhã, no CDOS de Viana do Castelo, Miguel Alves reúne-se hoje com os representantes técnicos de cada um dos serviços municipais de proteção civil.
À tarde, em Ponte de Lima, reúne-se a Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho, com a presença de todos os presidentes de Câmara e dos CODIS.
“Provavelmente, não vamos conseguir evitar que ocorram ignições durante estes dias. Onde temos de concentrar o nosso esforço é evitar que os fogos tenham muito tempo. Têm de ser atacados imediatamente. E para serem atacados imediatamente, no primeiro alerta, temos de ter o homem e a máquina preparada para irem para o terreno para ajudar os bombeiros”, disse.
Apelando à mobilização contra os fogos florestais, Miguel Alves disse que todos os cidadãos devem ser agentes da proteção civil não só nos seus próprios comportamentos, evitando comportamentos de risco, mas também enquanto “agentes ativos de fiscalização e prevenção”.
“Se virem uma coluna de fumo numa floresta e acharem estranho contactem as autoridades. Se virem um comportamento estranho por parte de um cidadão ou de um conjunto de cidadãos na floresta, alertem as autoridades. Se virem que há lançamento de foguetes na festa de uma freguesia, quando é proibido, alertem as autoridades. Não se trata de policiamento comunitário. Trata-se de estarmos todos envolvidos num desafio, num objetivo que é o de evitar que os fogos consumam a nossa floresta”, concluiu.
De acordo com números avançados à Lusa pelo primeiro CODIS, Marco Domingues, desde 01 de janeiro e até domingo, o distrito de Viana do Castelo contabiliza 417 incêndios, o quinto valor mais elevado de fogos desde 2012, e 2.234 hectares de área ardida, o terceiro valor mais elevado, também desde 2012”.
Dos 10 concelhos do distrito, Arcos de Valdevez lidera a lista de ocorrências, com 124 incêndios e 1.017 hectares de área ardida, o que representa 46% do total de área ardido no Alto Minho”.