O presidente da Câmara de Murça, Mário Artur Lopes, estimou hoje que o incêndio que teve início no domingo, em Cortinhas, tenha já consumido entre 10.000 a 12.000 hectares nos três concelhos atingidos.
Mário Artur Lopes apontou para “mais de metade do concelho” atingido pelo fogo que teve uma evolução “muito rápida”, empurrado pelo vento, e se espalhou pelos concelhos de Vila Pouca de Aguiar e de Valpaços.
Numa primeira avaliação, o autarca estimou para entre 10.000 a 12.000 hectares de área ardida nos três municípios do distrito de Vila Real.
O fogo colocou aldeias em perigo e foi necessário proceder a evacuações preventivas. Populares maioritariamente idosos foram retirados e pernoitaram na residência de estudantes, no pavilhão desportivo ou em casa de familiares.
A maior parte dos populares já regressou às suas casas, mas, ao início da tarde, ainda permaneciam, no pavilhão desportivo, 12 pessoas das aldeias de Paredes e Salgueiro.
O autarca descreveu um “movimento solidário fantástico” a que se assistiu na segunda-feira em Murça, com muitos populares a entregarem alimentos e bebidas para apoio aos residentes retirados das aldeias, bem como aos operacionais.
O autarca disse ainda que o cenário é “desolador” e o sentimento é de “desilusão e de frustração”.
“Há dois dias tínhamos um concelho completamente diferente (…) Para além das perdas humanas, que infelizmente aconteceram, mas também a dimensão emocional que é de profunda tristeza e consternação”, salientou.
Foi a sair da aldeia que um casal de idosos morreu, depois do carro onde seguiam ter caído numa ravina. Foram encontrados já mortos e as causas do acidente estão a ser investigadas pela GNR.
A área onde o carro ainda permanecia esta manhã estava completamente queimada.
Relativamente à área de pinhal atingida, Mário Artur Lopes disse que quer “fazer tudo o que seja necessário, o mais rápido possível, para tentar recuperar”. “Eu tenho uma leve esperança, dos tantos fundos que vão chegar a este país, que a dimensão e o plano ambiental sejam tidos em conta”, frisou.
“E Murça poderá ser um bom exemplo para que, aqui, se possa demonstrar que rapidamente aquilo que é dramático, aquilo que ninguém quer, possa ser alterado e invertido”, afirmou.
Depois de, na segunda-feira, ter pedido insistentemente “mais meios” para combater o fogo, hoje Mário Artur Lopes disse acreditar que, com os meios colocados no terreno, “rapidamente isto possa ser debelado”.
“Há aqui uma luta de todos, designadamente dos bombeiros, da Proteção Civil, do INEM, GNR e a população em geral que têm dado aqui um contributo decisivo”, sublinhou.
Mário Artur Lopes disse não ter conhecimento de casas de primeira habitação atingidas pelo fogo, e apontou para casas devolutas, anexos e armazéns que possam ter ardido, bem como áreas de oliveiras, castanheiros e apiários.
Pelas 14:30, de acordo com informação disponível no ‘site’ da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), encontravam-se no terreno 718 operacionais, sete meios aéreos e 246 meios terrestres.
O Comandante Regional do Norte da Proteção Civil, Rodrigues Alves, num balanço feito pelas 13:00, disse que o incêndio entrou hoje numa fase de “consolidação”, mas o dispositivo de combate não será diminuído.