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Incêndios: Janeiro e fevereiro com valores mais elevados de área ardida desde 2012

Os 1.741 incêndios que deflagraram desde o início do ano até hoje consumiram mais de sete mil hectares, o valor mais elevado desde 2012, segundo dados do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas.

Dos 7.068 hectares de área que arderam nos dois primeiros meses do ano, 81% consumiram mato, 18% povoamentos florestais, 1% terrenos agrícolas, indicam dados provisórios do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

Comparando os relatórios de anos anteriores disponíveis na página da internet do ICNF, desde 2001, concluiu-se que apenas em 2012 se registaram números superiores aos verificados este ano.

Em janeiro e fevereiro de 2012, um ano também de seca, ocorreram cerca de 4.000 incêndios que provocaram mais de 12.000 hectares de área ardida.

No entanto, enquanto em 2012 a maioria dos incêndios florestais e área ardida verificaram-se em fevereiro este ano tal ocorreu em janeiro.

Em declarações à agência Lusa, Duarte Caldeira, presidente do Centro de Estudos e Intervenção em Proteção Civil, afirmou que “janeiro projeta a soma destes dois meses para um número anormal de área ardida”, sendo o valor mais elevado desde 2001.

Segundo Duarte Caldeira, que também é membro do observatório criada pela Assembleia da República para analisar os incêndios florestais, ardeu em janeiro 4.707 hectares devido aos incêndios, que deflagraram sobretudo na região Norte, nomeadamente nos distritos de Braga e Viana do Castelo.

O antigo presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses e da Escola Nacional dos Bombeiros considerou que este número elevado de incêndios nos primeiros dois meses do ano está “diretamente associada à severidade da seca”.

“Sempre que houve períodos de seca severa como a que estamos a viver, esses períodos do ano foram sempre problemáticos”, disse, antevendo “um ano muito perigoso” de incêndios.

Duarte Caldeira frisou que “a manter-se esta situação por um período mais dilatado” pode estar-se na presença “de um ano muito perigoso quer em relação ao número de ocorrências, tendo em consideração a secura do solo, quer da área ardida”.

O especialista em incêndios florestais defendeu também que deve começar a olhar para a problemática do risco “não associada a dispositivos especiais de época, mas como algo que se tem de estar preparado para acorrer a todo o momento”.

“Não se deve ficar refém do calendário, como tem sido a prática ao longo de muitos anos”, sustentou.

Atualmente, os meios de combate estão disponíveis o ano todo, mas em menor número, sendo o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais (DECIR) apresentado durante o mês de abril e o primeiro reforço acontece a partir de 15 de maio.

O presidente do Centro de Estudos e Intervenção em Proteção Civil destacou de positivo as Equipas de Intervenção Permanente (EIP) nos bombeiros, uma profissionalização nos bombeiros voluntários que têm permitido “uma maior capacidade de resposta em prontidão à primeira intervenção” no combate aos fogos.

Duarte Caldeira disse ainda que com este investimento nos recursos humanos nos bombeiros já “não faz sentido” que o risco florestal esteja associado à época do ano.


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