Os incêndios que lavram em Portugal continental desde quinta-feira obrigaram a evacuar pelo menos nove aldeias e já terão consumido cerca de 2.500 hectares, disse hoje o comandante nacional de Emergência e Proteção Civil.
Num balanço feito hoje às 19:00 na sede da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, André Fernandes disse que no incêndio de Ourém, distrito de Santarém, que deflagrou na quinta-feira e afeta os municípios de Ourém, Ferreira do Zêzere e Alvaiázere, foram evacuadas as aldeias da Charneca, Abades, Casal do Rei, Lumiar e Ameixieira.
Já no fogo de Pombal, distrito de Leiria, que começou na sexta-feira em Vale da Pia, e afeta os municípios de Pombal, Ansião e Alvaiázere, houve evacuações em Martim Vaqueiro, Ramalheira, Gramatinha e Mato.
No sábado, o responsável explicou tratarem-se de evacuações preventivas, em que os habitantes são retirados por precaução e regressam depois às suas casas.
Questionado pelos jornalistas, André Fernandes adiantou que a área ardida estimada desde quinta-feira, quando começou esta fase de incêndios, e até agora é de “sensivelmente 2.500 hectares”.
“É uma área ardida que está a ser trabalhada e, de facto, o importante agora é conseguir estabilizar os incêndios, conseguir repor a normalidade e a segurança global nestas áreas afetadas e depois far-se-á um levantamento da área ardida e será comunicado”.
O responsável disse ainda que, até às 18:30 de hoje, registaram-se 107 incêndios, menos do que os 125 até à mesma hora de sábado, mas mais do que os 92 de sexta-feira.
“Vemos aqui algum decréscimo e é expectável que hoje consigamos ter menor número de ignições comparativamente com o dia de ontem [sábado]”, afirmou.
A maioria dos incêndios de hoje concentrou-se nos distritos do Porto, com 34, de Lisboa, com 13, e de Braga, com oito.
O responsável acrescentou que hoje registou-se um ferido grave – um bombeiro que sofreu uma queda no incêndio de Ansião e fez uma fratura exposta num pulso.
Além desse ferido, as autoridades contabilizam, desde sexta-feira, 15 feridos ligeiros e 35 assistidos entre os operacionais, enquanto outros 17 civis foram igualmente assistidos.
Na sua mensagem, o comandante nacional reiterou o apelo à prevenção, insistindo que “todos os cuidados devem ser reforçados” para se prevenir incêndios, nomeadamente não fazendo fogo e não usando máquinas.
André Fernandes manifestou ainda “apreço por todos os profissionais das diferentes forças que estão envolvidas” no combate às chamas, lembrando que as condições meteorológicas são adversas “não só para o combate, mas para a condição do próprio combatente” e sublinhando que as autoridades têm feito “um esforço grande” no apoio logístico e sanitário aos combatentes.
O comandante nacional transmitiu também uma mensagem “acima de tudo, aos operacionais” para garantirem as condições de segurança e evitarem acidentes no combate aos incêndios.
“As condições do fogo de facto são extremas, a sua progressão é rapidíssima, a intensidade também”, disse, apelando à população para se resguardar e afastar das áreas afetadas por incêndios.
No sábado, o ministro da Administração Interna anunciou que o Governo decidiu declarar a situação de contingência entre segunda e sexta-feira, permitindo que a Proteção Civil mobilize “todos os meios de que o país dispõe” para combater os incêndios num período em que se preveem temperaturas superiores a 45° em alguns pontos do país.
Até à meia-noite, o território de Portugal continental está em situação de alerta, decretada na sexta-feira, o nível mais baixo de resposta a situações de catástrofes prevista na Lei de Base da Proteção Civil.