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Incêndios: ONG de ambiente pede ao Governo para que comece a preparar o próximo verão

O Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA) considerou hoje que o Governo deve começar a preparar o país para o próximo verão para que o número de incêndios e de hectares ardidos possam “diminuir drasticamente”.

Num comunicado de balanço sobre os incêndios que deflagram este ano, a organização não-governamental (ONG) de ambiente apela ao Governo e aos cidadãos para que sejam feitos esforços no sentido de recuperar a área ardida nos últimos anos e que se desenvolvam ações de prevenção a pensar no verão de 2023.

“Os incêndios e o seu combate entram na agenda mediática todos os verões, mas rapidamente perdem protagonismo. É necessário admitir que não é no verão que se previnem os incêndios. É sim fundamental que durante todo o ano os esforços se prolonguem, sobretudo para antecipar catástrofes como foi o incêndio da Serra da Estrela”, refere o presidente do GEOTA, João Dias Coelho, citado no comunicado.

A reação do GEOTA surge após o relatório do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), divulgado na terça-feira, dar conta que os 10.449 incêndios rurais registados este ano consumiram 10.007 hectares, o valor mais elevado desde 2017, tendo sido o fogo da Serra da Estrela o que registou maior área ardida, com quase 25.000 hectares.

Em comparação com o mesmo período de 2021, a área ardida mais do que triplicou, tendo as chamas consumido este ano mais 82.796 hectares, e os incêndios aumentaram 40%, ao registarem-se mais 2.997 fogos.

A ONG defende também a necessidade de mais campanhas de sensibilização, uma vez que, segundo o relatório, mais de um quarto dos incêndios rurais registados este ano teve como origem o fogo posto, sendo esta a segunda causa mais frequente, depois das queimas e queimadas.

Para o presidente do GEOTA, mais do que o número de incêndios, o grande problema deste ano foram os hectares de área ardida, “o que revela uma má prevenção e gestão da nossa floresta”.

“Temos de apostar numa política de proximidade com as populações e proprietários florestais que ajude a recuperar o passivo ambiental, económico e social que é deixado pelos incêndios, ao invés de aplicarmos a maioria dos nossos esforços e recursos no combate aos incêndios”, sustenta.

O GEOTA refere que a proposta do Orçamento de Estado para 2023 prevê cerca de 112 milhões de euros para a despesa com a locação de meios aéreos e para as associações humanitárias de bombeiros voluntários no âmbito do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR).

Nesse sentido, a ONG desafia o Governo a demonstrar qual será “o investimento total previsto para 2023 na real transformação da paisagem, ou seja, que valores do orçamento vão ser aplicados na recuperação das áreas ardidas garantindo assim uma floresta biodiversa, com espécies autóctones e gerida a curto, médio e longo prazo”.


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