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Incêndios: Produtores alertam que as florestas são “barris de pólvora” devido à falta de água

O presidente da Federação Nacional das Cooperativas de Produtores Florestais, Armando Pacheco, alertou hoje que, por causa da seca em Portugal, as florestas são um autêntico “barril de pólvora” devido à acumulação de matéria combustível.

“Neste momento, nas florestas, a quantidade de matéria seca é superior à verificada no final de agosto do ano passado, o que torna as florestas em autênticos barris de pólvora devido à falta de humidade nos solos. O ano veio tão seco que com qualquer ignição podemos ter grandes incêndios florestais”, disse à Lusa o dirigente federativo.

A Federação Nacional das Cooperativas de Produtores Florestais (FENAFLORESTA) representa mais de 50 mil proprietários florestais espalhados por todo o país.

“Nesta altura do ano já se registam muitas ignições devido ao acumular de matéria seca nas florestas e muito mais rápidas em comparação com agosto de 2021, e isto é muito preocupante, porque há muita matéria combustível nas nossas florestas para arder”, concretizou Armando Pacheco.

Outra das preocupações manifestadas pela FENAFLORESTA prende-se com o facto dos pontos de água destinados ao abastecimento dos meios aéreos para uma primeira intervenção no combate às chamas estarem praticamente secos.

“As charcas onde é feita a retenção da água das chuvas estão secas e em alguns casos nem água chegaram a ter por falta de pluviosidade, e assim ficaram inutilizadas para utilização dos mais aéreos de primeira intervenção. Os únicos pontos a que os bombeiros se poderão dirigir serão as albufeiras em cada região, fora isso não haverá assim tantos pontos de água para abastecimento para o combate aos incêndios”, frisou.

Segundo Armando Pacheco, esta é uma situação transversal a todos o país e a situação tende a piorar a sul do país e Alentejo.

“Tem sido um ano muito difícil devido à escassez de água, a que acresce a retenção de água ao nível dos solos porque estão muito secos”, vincou o responsável.

Armando Pacheco é da opinião de que em Portugal terá de haver uma outra forma de gestão das florestas, porque em algumas zonas “não há essa gestão”.

“Alerto que há alguns programas do Estado direcionados para as Áreas Integradas de Gestão de Paisagem (AIGP) para alterar a forma de ordenamento das florestas e combater a desertificação e mitigar a questão dos incêndios florestais, já que o financiamento é bastante alto”.

Dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera indicam que este ano é o mais seco de que há registo (desde 1931) e que só o ano de 2005 se aproximou da situação atual, pelo que a seca meteorológica e agrometeorológica “obrigam a tomar medidas”.


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