O presidente da Comissão Distrital de Proteção Civil de Viana do Castelo disse hoje estar “muito preocupado” com a seca severa que afeta a região, alertando que o “sucesso ou insucesso” na prevenção de incêndios depende das pessoas.
“O apelo principal é às pessoas, é ao comportamento e à atitude individual de cada um, que ditará o sucesso ou insucesso na prevenção e combate aos incêndios florestais no Alto Minho”, afirmou Miguel Alves.
Em declarações à agência Lusa, a propósito de informação do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) que coloca o distrito de Viana do Castelo em nível de seca severa, o responsável lembrou “não serem de hoje os alertas” que a região tem feito “sobre a situação de extraordinário risco [de incêndios] prevista para este ano”.
“Tendo em conta a situação de seca, os impactos das alterações climáticas no nosso distrito, o reduzido número de operacionais no terreno, quando comparados com o número de ocorrências e de área ardida registados anualmente e, sobretudo, tendo presente que o sucesso na prevenção e combate a incêndios nos últimos anos aumenta a carga de combustível presente na floresta, há um incremento do risco e o perigo de termos um ano muito difícil”.
Miguel Alves, que é também presidente da Câmara de Caminha, adiantou que a região “tem vindo a lançar os alertas que considera necessários, complementando os avisos da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), do IPMA e do próprio Governo”.
“Cumpre-nos estar atentos e aptos a operar, em conjunto com todos os agentes de Proteção Civil, incluindo os municípios e contando com o comportamento correto dos cidadãos, quer no uso de água, quer na prática da agricultura, silvicultura ou pastorícia, ou na fruição do espaço florestal por lazer”.
Miguel Alves revelou ter participado, na quarta-feira, na reunião semanal do Centro de Coordenação Operacional Distrital e, “embora seja evidente a preocupação, é claro o empenho e a disponibilidade para trabalhar em prol da segurança de pessoas e bens para garantir um verão e outono o mais seguro possíveis”.
Em maio, durante as celebrações do Dia Nacional dos Sapadores Florestais, Miguel Alves disse que no distrito de Viana do Castelo já tinha ardido, desde janeiro, a mesma área que em todo o ano de 2021, tendo sido registados 376 incêndios que consumiram 2.179 hectares.
“No ano de 2022 a área ardida é praticamente a mesma de todo o ano de 2021. Só em janeiro de 2022, em pleno inverno, ardeu o dobro do que em agosto de 2021. Este ano, Viana do Castelo é o quarto distrito com mais incêndios e o segundo com mais área ardida. Seis dos nossos 10 concelhos estão ente os 20 municípios nacionais com maior área ardida”, apontou Miguel Alves.
O socialista alertou que a região está “a ser vítima” do seu “próprio sucesso”, uma vez que, “nos últimos anos, o nível de incêndios e área ardida tem vindo a baixar”.
Dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera indicam que este ano é o mais seco de que há registo (desde 1931) e que só o ano de 2005 se aproximou da situação atual, pelo que a seca meteorológica e agrometeorológica “obrigam a tomar medidas”.