A Proteção Civil registava às 12:00 de hoje quatro incêndios florestais que merecem “maior preocupação”, nos distritos de Viana do Castelo, Porto e Bragança, este com origem em Espanha junto à fronteira com Portugal.
Num balanço feito às 12:00 na sede da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), em Carnaxide, Oeiras, o comandante nacional de Emergência e Proteção Civil, André Fernandes, precisou que foram registadas hoje 31 ignições, sete das quais estavam ativas àquela hora, sendo que duas delas transitaram de quinta-feira.
Segundo o comandante nacional, as ocorrências de incêndio “mais significativas e com maior preocupação” registam-se em Lindoso (Ponte da Barca), no concelho de Baião e em Bragança.
André Fernandes afirmou que este incêndio em Bragança teve origem em Espanha e “está a aproximar-se da fronteira portuguesa”, tendo sido mobilizados meios para “evitar que o fogo entre em território nacional”.
Alguns destes meios estão a combater em Espanha, uma vez que o acordo entre os dois países permite uma interação em 25 quilómetros desde a fronteira, afirmou.
O responsável avançou que estes quatro incêndios mobilizam “exclusivamente” 580 operacionais, 174 meios terrestres e sete meios aéreos.
O comandante nacional voltou hoje afirmar que o risco de incêndio “continua a ser extremo” e que este perigo vai manter-se a partir de segunda-feira, uma vez que o país atravessa a pior seca de que há registo.
“A partir de segunda-feira, há diminuição de temperatura, mas a humanidade relativa do ar continua ser baixa, a humanidade no solo e nos combustíveis, aqueles que podem arder, está em níveis nunca antes verificadas. Por isso as condições para as ignições tem um potencial de evolução muito rápido”, disse.
De acordo com a ANEPC, o dia com mais “atividade operacional” foi na passada quarta-feira, quando deflagraram 193 ocorrências de fogo.
Entre 08 a 15 julho registaram-se 1.064 ocorrências, que envolveram 36.335 operacionais, 9.842 meios terrestres e 550 missões de meios aéreos.
Segundo o comandante nacional, os dois aviões pesados anfíbios Canadair que chegaram de Itália na quarta-feira à tarde para apoiar o combate aos incêndios florestais vão continuar em Portugal até domingo.
Os outros dois aviões Canadair, franceses, previstos para apoiar Portugal no âmbito do Mecanismo Europeu de Proteção Civil já não vão operar no país devido aos incêndios que se registam em França.
André Fernandes disse ainda que “não tem havido falta de água no combate” aos fogos, dando conta que existe “uma grande rede de pontos de água que estão validados para apoio ao dispositivo”, quer para os meios aéreos, terrestres ou mistos.
“Foram reforçados ao longo dos vários teatros de operações os veículos tanque oriundos dos corpos dos bombeiros para dar apoio e garantir a cadeia de logística de reabastecimento de água. Até agora do ponto de vista do combate não houve falta de água, tendo sido feita uma adequação às técnicas que são necessárias face à situação que estamos a viver”, afirmou.
Portugal Continental está em situação de contingência até domingo devido às previsões meteorológicas, com temperaturas muito elevadas em algumas partes do país, e ao risco de incêndio.
A situação de contingência corresponde ao segundo nível de resposta previsto na lei da Proteção Civil e é declarada quando, face à ocorrência ou iminência de acidente grave ou catástrofe, é reconhecida a necessidade de adotar medidas preventivas e ou especiais de reação não mobilizáveis no âmbito municipal.
Cinco distritos de Portugal continental mantêm-se sob aviso vermelho, o mais grave, devido ao tempo quente, com mais de uma centena de concelhos em perigo máximo de incêndio rural, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera.