O PS de Ponte da Barca, distrito de Viana do Castelo, acusou hoje o presidente do município de “inércia” e de “colocar em risco as populações”, ao não preparar nem planear “adequadamente a época de risco de incêndios”.
A acusação surge na sequência do incêndio que lavrou na semana passada na zona do Lindoso, atingindo uma área aproximada de 1.400 hectares, segundo disse na terça-feira à agência Lusa a diretora regional do Norte do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
Em comunicado, o presidente da Comissão Política Concelhia do PS, Pedro de Sousa Lobo, diz que “todos os anos o concelho de Ponte da Barca é afetado pela calamidade dos incêndios florestais, consequência da acumulação de grandes cargas de combustível nos espaços florestais e nas áreas de transição urbano/florestal”.
“Infelizmente, este ano, o município não preparou nem planeou adequadamente a época de risco de incêndios, designadamente, celebrando os habituais protocolos de limpezas e ações de defesa e gestão da floresta com os conselhos diretivos dos baldios, com as equipas de sapadores florestais, com os Bombeiros Voluntários de Ponte da Barca e com as juntas de freguesia para limpeza das vias e espaços públicos”, denuncia Pedro de Sousa Lobo.
Em anos anteriores, de acordo com o PS de Ponte da Barca, estes protocolos “já estavam assinados e a primeira prestação já se encontrava vencida – embora, na verdade, na generalidade das vezes sem pagamento atempado pela Câmara Municipal” de Ponte da Barca, liderada por Augusto Marinho (PSD).
“O Partido Socialista tem a obrigação de reafirmar a verdade: a inércia de Augusto Marinho coloca em risco as populações do concelho de Ponte da Barca nas zonas de risco de incêndio florestal”, lê-se no comunicado.
Em resposta escrita enviada à Lusa, o presidente da Câmara Municipal de Ponte da Barca diz que este incêndio mereceu “o total empenho do executivo e a mobilização de todos os meios”.
“Ao longo de toda uma semana, estivemos sempre presentes, acompanhando as operações e prestando apoio às populações. Foram desenvolvidos todos os contactos institucionais para que fossem disponibilizados todos os meios de combate necessários para um incêndio de grande envergadura, que fustigou uma área montanhosa e de difícil acesso”, salienta Augusto Marinho.
O autarca social-democrata lembra que testemunhou “a coragem e a bravura” de todos os operacionais que estiveram no terreno, mas também da população que “colaborou ativamente com as autoridades”.
“Perante este cenário de desgraça nacional, lamentamos a marca de desnorte da oposição que, numa sede de protagonismo, argumentam com base em instituições/organismos que já não existem. Lançam uma série de pretensos contributos, desajustados à realidade e reveladores de algum desconhecimento do território”, acusa Augusto Marinho.
O PS de Ponte da Barca propõe, entre outras medidas, a realização, com caráter de urgência, de uma reunião da Comissão Municipal de Defesa da Floresta de Ponte da Barca, que o presidente da Assembleia Municipal ative a Comissão Permanente Especializada de Segurança e Proteção Civil para, nomeadamente, “apurar as razões para a ausência dos habituais protocolos com as entidades e operacionais”.
Como uma “boa parte das áreas ardida eram campos agrícolas e floresta de subsistência” da população, o PS propõe que a autarquia implemente várias medidas de apoio às pessoas afetadas.
“A restituição do valor do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) referente aos prédios rústicos; o apoio à compra de rações de animais; a promoção em parceria com as populações e com o ICNF de um plano municipal de recuperação das áreas ardidas, e a distribuição de vales de compras no comércio local pela população afetada em articulação com as Juntas de Freguesias e Ação Social”, são algumas das propostas do PS de Ponte da Barca.