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Incêndios: Rewilding Portugal apresenta propostas para recuperação da serra da Estrela

A Rewilding Portugal, uma organização privada sem fins lucrativos, com sede na Guarda, apresentou uma proposta com intervenções a curto, médio e longo prazo para recuperar a serra da Estrela e evitar que incêndios catastróficos “se repitam”.

“Os incêndios estivais deste ano foram de uma gravidade sem precedentes e tiveram severos impactos nos ecossistemas da serra, o que levará a uma perda substancial do capital natural da região, se nada for feito de imediato e com uma visão a longo prazo. A Rewilding Portugal apoia que se crie uma paisagem mais resiliente ao fogo, mais funcional do ponto de vista dos ecossistemas, e mais biodiversa e abundante em fauna e flora”, referiu a associação em comunicado hoje enviado à agência Lusa.

A Rewilding Portugal enviou uma proposta de medidas de restauro ecológico urgentes a vários atores-chave do território e com responsabilidades na matéria, incluindo as Câmaras Municipais da região da serra da Estrela, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e a Agência Portuguesa do Ambiente.

A proposta “inclui intervenções a curto, médio e longo prazo com o fim de recuperar a serra da Estrela e evitar que estes incêndios catastróficos se repitam no futuro”.

“Foram também incluídas medidas, algumas das quais já utilizadas em situações semelhantes anteriormente, que são desaconselhadas para uma efetiva recuperação da serra da Estrela”, apontou.

Entre as medidas que a Rewilding Portugal aconselhou para implementação a curto prazo (antes do final de 2022) destacam-se “o corte e disposição de madeira morta para construção de paliçadas de prevenção de erosão, nomeadamente em zonas de maior declive, e a realização de sementeiras de emergência para prevenir a erosão dos solos e preservar a fauna sobrevivente”.

É também proposto intervir nas linhas de água afetadas “para estimular o crescimento de vegetação ripícola e acelerar a recuperação destes ecossistemas”, e “melhorar a captação de água na paisagem como prevenção a futuros incêndios, com a construção de pequenas charcas e zonas de alagamento na paisagem”.

Quanto a medidas para implementação a médio e longo prazo (a partir de 2023), a coletividade destacou a manutenção e ampliação da rede de prevenção de incêndios “através do aumento de herbivoria e reintrodução de espécies-chave de herbívoros selvagens e semisselvagens, nomeadamente cavalos (por exemplo de raça Garrana), veado e cabra-montesa e ainda incrementar o número de corços”.

Foi também sugerida a criação de um Plano Integral de Gestão Florestal para a serra da Estrela para a próxima década.

A Rewilding Portugal desaconselha, no entanto, medidas como campanhas de plantação de árvores (alegando que a taxa de insucesso destas árvores é altamente elevada) e a construção de barragens (dado que estas estruturas têm impactos negativos ambientais, implicam grandes alterações da paisagem e estão dependentes de fluxos de água constante para as abastecer).

A Rewilding Portugal “é o principal parceiro da Rewilding Europe na área de rewilding do Grande Vale do Côa e está a trabalhar em estreita colaboração com a Rewilding Europe para alcançar o objetivo comum de tornar Portugal um lugar mais selvagem”, segundo informação disponibilizada na sua página da internet.

A serra da Estrela foi afetada por um incêndio que deflagrou no dia 06 de agosto em Garrocho, no concelho da Covilhã (distrito de Castelo Branco) e que foi dado como dominado no dia 13.

O fogo sofreu uma reativação no dia 15 e foi considerado novamente dominado no dia 17 do mesmo mês, à noite.

As chamas estenderam-se ao distrito da Guarda, nos municípios de Manteigas, Gouveia, Guarda e Celorico da Beira, e atingiram ainda o concelho de Belmonte, no distrito de Castelo Branco.

No dia 25, o Governo aprovou a declaração de situação de calamidade para o PNSE, afetado desde julho por fogos, conforme pedido pelos autarcas dos territórios atingidos.

A situação de calamidade foi já publicada em Diário da República e vai vigorar pelo período de um ano, para “efeitos de reposição da normalidade na respetiva área geográfica”.


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